O Pix tem conquistado cada vez mais espaço como meio de pagamento entre os brasileiros, e os números comprovam essa tendência. De acordo com dados divulgados pelo Banco Central na quarta-feira (31), o sistema atingiu a marca de 29% de todas as transações registradas em 2022. Esse crescimento tem motivado o desenvolvimento de novas funcionalidades, e uma delas pode impactar positivamente o setor de previdência complementar aberta.

Atualmente, já é possível utilizar o Pix para realizar as contribuições mensais aos planos de previdência complementar aberta. No entanto, é necessário que o investidor leia o QR Code ativamente a cada mês para efetivar a transação. Essa etapa manual pode ser eliminada a partir de 2024, quando está previsto o lançamento do Pix “recorrente”, uma nova funcionalidade que está sendo elaborada pelo Banco Central.

O Pix recorrente funcionará de forma similar ao débito em conta, permitindo o pagamento automático e periódico mediante uma autorização prévia do usuário. Dessa forma, os investidores não precisarão autenticar a transação a cada mês, tornando o processo mais simples e conveniente. Essa novidade traz vantagens tanto para os investidores quanto para as seguradoras do ramo de previdência complementar.

A Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprevi), entidade representante das companhias que operam no setor, avalia positivamente o uso do Pix recorrente. Segundo Amâncio Paladino, vice-presidente da comissão de produtos por sobrevivência da Fenaprevi, essa funcionalidade pode reduzir os custos para as seguradoras. Atualmente, muitas seguradoras utilizam o débito automático em conta corrente como principal meio de receber as contribuições dos investidores, o que requer convênios com instituições financeiras e gera custos operacionais. Com o Pix recorrente, as seguradoras poderão debitar e receber recursos de qualquer lugar, eliminando os custos de interface e os convênios com os bancos.

Paladino ressalta que o Pix recorrente tem muito potencial para se tornar uma forma popular de contribuição periódica aos planos de previdência. Ele destaca que o sistema é semelhante ao débito automático em conta, que é amplamente utilizado pelos clientes para realizar pagamentos. No entanto, o Pix recorrente oferece a vantagem de identificar quem realizou o pagamento, ter baixo custo e uma plataforma comum, permitindo que as seguradoras recebam o dinheiro dos clientes de qualquer instituição financeira.

Implementação da medida na previdência

A expectativa é que a adoção do Pix recorrente no mercado de previdência complementar ocorra em duas etapas. Primeiro, as seguradoras precisam aceitar essa forma de pagamento e disponibilizá-la aos investidores.

Aquelas que possuem uma carteira com um alto volume de contribuições periódicas devem adotar o Pix recorrente mais rapidamente. Em seguida, será necessário atrair os clientes para utilizar essa opção. Esse processo pode exigir um trabalho de comunicação e explicação sobre os benefícios do Pix recorrente, o que pode levar um ou dois anos, de acordo com Paladino.

É importante ressaltar que, além do Banco Central viabilizar o Pix recorrente, a regulamentação por parte da Susep (Superintendência de Seguros Privados) também pode ser necessária. Já existem minutas da Susep que tratam do uso de meios de pagamento digitais, como TED, DOC e transferências bancárias, e é esperado que o Pix se torne a principal opção no futuro, substituindo esses formatos.

Com a implementação do Pix recorrente, a contribuição aos planos de previdência complementar aberta pode se tornar mais conveniente e acessível para os investidores, ao mesmo tempo em que traz benefícios de redução de custos para as seguradoras. Essa nova funcionalidade tem o potencial de impulsionar o crescimento do uso do Pix no setor de previdência, proporcionando uma experiência mais eficiente e econômica para todos os envolvidos.

Equipe MI

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