A Petrobras (PETR4) solicitou formalmente ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) sua entrada como terceira interessada na análise da venda da participação da Braskem (BRKM5) pertencente à Novonor, antiga Odebrecht. O movimento acontece em meio ao crescente interesse do empresário Nelson Tanure na petroquímica e levanta discussões sobre os rumos estratégicos da estatal no setor.

Petrobras quer acompanhar de perto venda da Braskem

O pedido foi protocolado pela Petrobras com o objetivo de acompanhar de forma mais ativa o processo de mudança no controle da Braskem. A Novonor, acionista relevante da companhia, está em tratativas para vender sua participação por meio da NSP Investimentos, e a entrada de Nelson Tanure no negócio despertou o alerta da estatal.

Embora ainda não haja qualquer definição sobre uma possível aquisição por parte da Petrobras, a empresa detém direito de preferência contratual sobre a fatia da Braskem que está sendo negociada. Isso significa que, caso as condições da venda sejam consideradas atrativas, a estatal poderia optar por exercer esse direito.

Segundo fontes do mercado, como o Bradesco BBI, a movimentação não deve ser interpretada como uma sinalização de compra. O banco acredita que a Petrobras não demonstra intenção de exercer seu direito no momento. No entanto, para a Genial Investimentos, o pedido ao Cade reforça a intenção da Petrobras de acompanhar de perto o processo e manter suas opções estratégicas abertas.

Estratégia da Petrobras mantém porta aberta para o setor petroquímico

A Petrobras, apesar de não manifestar interesse imediato na aquisição da participação da Novonor, possui orçamento reservado para investimentos no setor petroquímico. Isso significa que, caso as negociações avancem em uma direção favorável, a estatal pode considerar diferentes cenários, incluindo parcerias com investidores privados ou até mesmo um movimento direto de compra.

De acordo com a Genial, o acompanhamento da Petrobras sinaliza que a estatal quer garantir que eventuais mudanças na estrutura acionária da Braskem não prejudiquem seus interesses estratégicos no segmento. A empresa vê o setor petroquímico como relevante dentro da sua política de investimento, o que justificaria uma movimentação mais ativa dependendo do desfecho da negociação.

Além disso, como parte da estratégia de defesa da concorrência, a presença da Petrobras no processo pode influenciar tecnicamente o parecer do Cade, caso haja preocupação com desequilíbrios de mercado provocados por uma eventual nova composição de controle da Braskem.

Ações reagem de forma oposta após o anúncio

O mercado reagiu de forma mista às movimentações envolvendo Petrobras e Braskem. Por volta das 11h50 do mesmo dia do anúncio, as ações preferenciais da Petrobras (PETR4) registravam leve alta de 0,28%, sendo negociadas a R$ 32,03. Por outro lado, os papéis da Braskem (BRKM5) recuavam 2,98%, cotados a R$ 8,80.

Esse comportamento reflete a incerteza dos investidores quanto ao desfecho da operação e ao potencial impacto sobre a governança e os planos de reestruturação da Braskem com a eventual entrada de Tanure no controle da companhia.

Mercado acompanha de perto as decisões do Cade

Com a entrada da Petrobras como terceira interessada, o processo em análise no Cade ganha uma nova camada de complexidade. A autarquia deve considerar os possíveis impactos concorrenciais da operação, assim como os efeitos sobre o equilíbrio de mercado em um setor altamente concentrado e estratégico para o Brasil.

A presença da Petrobras nesse processo regulatório pode ser decisiva, especialmente diante do histórico de conflitos e alinhamentos entre os principais acionistas da Braskem. A estatal, que já foi sócia da Novonor na companhia e segue como acionista relevante, está legalmente protegida por contratos que lhe conferem direitos de influência em decisões estratégicas.

Gostou deste conteúdo? Siga o Melhor Investimento nas redes sociais: 

Instagram | Linkedin