A Nvidia, gigante dos semicondutores, reportou um trimestre robusto, mas suas projeções de receita para o próximo período, que ficaram abaixo das expectativas de analistas, geraram um nervosismo significativo no mercado. A queda de 5% das ações da companhia no pós-mercado foi impulsionada pela expectativa de menores margens brutas e pela previsão de receita mais fraca do que o antecipado. No entanto, especialistas do Itaú BBA e de outras instituições financeiras destacam que, apesar do pessimismo imediato, os fundamentos da empresa continuam sólidos, e a recomendação de compra foi mantida.

Em seu mais recente balanço, a Nvidia surpreendeu com uma combinação de resultados financeiros que, embora sólidos, não atenderam completamente às altas expectativas do mercado. A empresa anunciou que sua receita do próximo trimestre será mais baixa do que os analistas previam, o que gerou desconfiança entre investidores. Esse fator, junto com a redução nas margens brutas, contribuiu para a queda de 5% das ações da Nvidia no pós-mercado.

Analistas como Dan Coatsworth, da AJ Bell, apontaram que, embora o crescimento da Nvidia seja impressionante, a diminuição nas margens brutas e a orientação para margens ainda menores no futuro causaram um certo desconforto. A empresa também projetou que suas margens brutas cairão para cerca de 70% no curto prazo antes de uma possível recuperação nos próximos trimestres.

Projeções do mercado e reação do setor

O nervosismo gerado pela Nvidia acabou impactando negativamente outras ações do setor de semicondutores. Empresas como Broadcom, Qualcomm e AMD apresentaram quedas de até 1,1% após os números da Nvidia. Até mesmo grandes empresas de tecnologia, como Microsoft, Apple e Amazon, sentiram o efeito da desconfiança do mercado, com recuos moderados nas suas ações.

Ryan Detrick, estrategista-chefe do Carson Group, comentou que, “quando a barra está tão alta, tudo fica mais difícil”. De fato, a Nvidia tem sido uma das líderes de crescimento em Wall Street desde 2023, impulsionada pela crescente demanda por tecnologias relacionadas à inteligência artificial, e suas ações aumentaram mais de nove vezes nos últimos dois anos, alcançando um valor de mercado de impressionantes US$ 3,5 trilhões. O crescimento acelerado da empresa coloca grandes expectativas sobre cada um de seus resultados, tornando qualquer desvio, mesmo que pequeno, um gatilho para reações rápidas do mercado.

Análise do Itaú BBA: rumo a um potencial de crescimento

Apesar da queda das ações, os analistas do Itaú BBA mantiveram sua recomendação de compra para as ações da Nvidia, destacando que, embora o trimestre tenha gerado algumas dúvidas, a empresa continua com um desempenho acima da média do mercado. O preço-alvo da ação foi mantido em US$ 164, refletindo um potencial de alta de 12% em relação ao fechamento da véspera.

Os analistas do banco destacaram que a Nvidia superou as expectativas em algumas áreas, como as receitas de computação, enquanto as receitas de rede ficaram aquém das previsões devido ao momento das remessas. “Não há problemas competitivos, e a demanda continua forte”, ressaltaram os analistas. A Nvidia continua otimista sobre a força de seu chip Blackwell, que deverá impulsionar ainda mais a demanda nos próximos trimestres.

O Itaú BBA também se mostrou tranquilo quanto à diminuição das margens brutas, que são atribuídas à transição para a linha de produtos Blackwell. A Nvidia já alertou que as margens podem cair para 70% nos próximos dois trimestres antes de uma recuperação para níveis próximos aos 74%. Com isso, o banco revisou ligeiramente suas projeções de margens para o ano fiscal de 2026, elevando-as de 73,6% para 74%, o que reflete um otimismo cauteloso.

Por que os investidores devem manter a confiança?

Embora a reação inicial ao relatório da Nvidia tenha sido de cautela, os analistas acreditam que o otimismo em torno da empresa permanece intacto. A Nvidia tem se beneficiado de seu papel de liderança no desenvolvimento de chips para inteligência artificial, um setor que deve continuar a crescer nos próximos anos. Com a demanda por seus produtos, especialmente os chips da linha Blackwell, os fundamentos de longo prazo da empresa permanecem sólidos, com uma posição de mercado forte e uma base de clientes crescente.

Além disso, o Itaú BBA enfatizou que a orientação conservadora para o quarto trimestre fiscal de 2025 não deve ser vista como um sinal de fraqueza, mas sim como uma estratégia para gerenciar as expectativas do mercado. “O momentum do lucro por ação permanece, e parece que a orientação foi de fato conservadora”, observaram os analistas.

Julia Peres

Redatora do Melhor Investimento.