Lula defende comércio e integração do Brics contra protecionismo
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu que a integração financeira e o comércio entre os países do Brics seja usada para mitigar os efeitos do protecionismo global.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta segunda-feira (8), em reunião virtual do Brics convocada pelo Brasil, que a integração financeira e o comércio entre os países do bloco seja usada como estratégia para enfrentar o protecionismo global. Segundo Lula, regras e normas mutuamente acordadas entre os membros do Brics são fundamentais para fortalecer a cooperação econômica e proteger as economias de medidas comerciais unilaterais.
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Integração financeira e comércio como estratégia contra o protecionismo
Durante a cúpula, Lula enfatizou que o comércio e a integração financeira entre os países do Brics oferecem uma alternativa segura para mitigar os efeitos de políticas protecionistas aplicadas por grandes economias. “Regras e normas mutuamente acordadas são essenciais para o desenvolvimento. O comércio e a integração financeira entre nossos países oferecem opção segura para mitigar os efeitos do protecionismo”, afirmou.
A discussão ocorreu em um contexto marcado por tarifas elevadas aplicadas pelos Estados Unidos a membros do bloco, incluindo Brasil e Índia. Lula destacou que a cooperação intrabloco pode fortalecer as economias participantes e abrir novas oportunidades de comércio.
Críticas às tarifas dos Estados Unidos
O presidente brasileiro criticou duramente as medidas comerciais adotadas pelos EUA, classificando-as como “chantagem tarifária”. Segundo Lula, a imposição de tarifas unilaterais e de sanções secundárias interfere nas políticas internas dos países e ameaça instituições democráticas.
“A chantagem tarifária está sendo normalizada como instrumento para conquista de mercados e para interferir em questões domésticas. A imposição de medidas extraterritoriais ameaça nossas instituições”, afirmou. Lula também alertou que o unilateralismo busca dividir países aliados e que o Brics deve mostrar que a cooperação econômica supera qualquer rivalidade.
Impactos das tarifas sobre Brasil e Índia
Desde a última cúpula do Brics, realizada no Rio de Janeiro há dois meses, Brasil e Índia foram alvos de tarifas de 50% aplicadas pelos EUA. No caso brasileiro, as medidas foram usadas como pressão para obter o fim de processos legais contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. Para a Índia, a acusação norte-americana envolve a compra de combustível russo.
As tarifas impactaram diretamente o comércio brasileiro: em apenas um mês de aplicação, as exportações para os Estados Unidos caíram 18,5% em comparação ao mesmo período de 2024. Apesar disso, o comércio internacional do Brasil como um todo apresentou crescimento de 35,8%, impulsionado principalmente por vendas à China, Argentina e México.
Estratégia brasileira para compensar perdas
Diante do cenário de protecionismo, o governo brasileiro aposta no aumento do comércio intrabloco e na diversificação de mercados para compensar a redução das exportações aos EUA. A integração financeira e o fortalecimento do comércio entre os países do Brics são vistos como alternativas estratégicas para garantir estabilidade econômica e criar novas oportunidades de negócios.
Além disso, Lula ressaltou a importância de preparar o bloco para atuar de forma unida na 14ª Conferência Ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC), prevista para o próximo ano. A ideia é reforçar a posição dos países do Sul Global no sistema multilateral e garantir regras comerciais mais equilibradas.
O papel estratégico do Brics no comércio global
Formado atualmente por 11 países do Sul Global, o Brics representa 40% da economia mundial e 29% do comércio global. Para Lula, isso confere ao bloco legitimidade para liderar uma modernização do sistema multilateral de comércio, de forma que seja mais flexível, moderno e alinhado às necessidades de desenvolvimento dos seus membros.
“Sanções secundárias restringem nossa liberdade de fortalecer o comércio com países amigos. Dividir para conquistar é a estratégia do unilateralismo. Cabe ao Brics mostrar que a cooperação supera qualquer forma de rivalidade”, completou o presidente.
A integração financeira e o comércio entre os países do Brics passam a ser, portanto, não apenas uma ferramenta econômica, mas também um instrumento de resistência contra políticas comerciais que prejudicam o desenvolvimento global de forma desigual.
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