Durante uma entrevista coletiva após participar da Assembleia Geral da ONU esta semana, em Nova York, Lula disse estar otimista para a conclusão do acordo entre a União Europeia e o Mercosul até o final do ano. 

“Nós estamos prontos para fazer o acordo, e ainda disse para ela: ‘se vocês se prepararem nós poderemos assinar durante a reunião do G20’. Ou, quem sabe, até em uma reunião com champagne na sede da União Europeia. Estamos prontos e eu acho que vai sair o acordo. E nós precisamos que saia o acordo, porque nós temos muitos outros acordos para fazer”, declarou.

No início deste mês, as delegações do Mercosul e da União Europeia retomaram as negociações presenciais do acordo comercial pela primeira vez desde abril. Fontes ouvidas pela Reuters afirmaram que houve avanços consideráveis em áreas que são particularmente desafiadoras para os países sul-americanos, como as questões ambientais e as compras governamentais.

Após essa rodada de negociações, a expectativa é de que o acordo possa ser fechado até o final deste ano, conforme o planejamento do presidente Lula. Um novo encontro entre as partes está previsto para o próximo mês, com o objetivo de resolver os pontos pendentes e avançar em direção à conclusão definitiva do tratado.

Urgência pela conclusão do acordo

Um grupo de 11 países da União Europeia solicitou à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, uma rápida conclusão do acordo entre o Mercosul e a UE, que já se arrasta há 25 anos.

Na carta enviada, os líderes destacam a importância de garantir os avanços já obtidos nas negociações e pressionam para que o processo seja finalizado até o fim de 2024. “É urgente garantir os progressos alcançados até agora e encerrar as negociações. Acreditamos que todos os elementos estão reunidos para permitir uma rápida conclusão das negociações até ao final de 2024”, afirmaram no documento.

O pedido foi assinado pelos primeiros-ministros de 11 países: Alemanha, Espanha, Portugal, Suécia, Dinamarca, Finlândia, Croácia, Estônia, Letônia, Luxemburgo e República Checa. Essa pressão reforça a necessidade de acelerar os trâmites para que o acordo possa finalmente ser consolidado, após décadas de discussões e impasses.

Leis antidesmatamento

Uma das principais dificuldades enfrentadas pelos negociadores é o impacto das leis de combate ao desmatamento da União Europeia, que entrarão em vigor em dezembro. Essas restrições, que limitam a importação de produtos provenientes de áreas desmatadas, afetam diretamente o Brasil e têm gerado reclamações por parte do governo brasileiro.

Há preocupação de que essa legislação possa impactar as cotas de importação da UE em setores como carne bovina, cacau, café, soja, óleo de palma, madeira, borracha, couro, móveis e celulose.

Recentemente, o governo brasileiro enviou uma carta aos líderes da UE solicitando o adiamento da implementação da lei. Entre os argumentos apresentados estão a dificuldade de interpretação e cumprimento da norma, além da sua interferência na soberania de outros países.

Embora ainda não haja uma resposta definitiva, poucos dias depois, o primeiro-ministro da Alemanha, Olaf Scholz, também manifestou a necessidade de adiar a implementação para julho de 2025. Ele destacou que alguns pontos cruciais do texto ainda necessitam de esclarecimentos e que as empresas precisam de tempo para se adequar.

Gabryella Mendes

Redatora do Melhor Investimento.