A inflação persistente e os juros elevados têm moldado o cenário econômico brasileiro, deixando os investidores com a necessidade de adotar estratégias cuidadosas. Com a expectativa de uma Selic de 15,25% até 2025, o ambiente permanece desafiador. O assessor de investimentos Lucas Bosquesi, da InvestSmart, compartilha sua visão sobre as melhores formas de gerenciar riscos e maximizar retornos diante desse cenário.

O impacto da Selic alta e da inflação persistente

O cenário atual da economia brasileira é marcado por uma Selic alta e uma inflação que continua acima da meta do Banco Central. Para 2025, segundo analistas do JPMorgan e Bradesco BBI, a expectativa é que a taxa de juros seja de 15,25%, o que se traduz em custos de financiamento mais elevados e uma desaceleração econômica. Apesar disso, o governo segue com uma política fiscal expansionista, o que ajuda a sustentar a demanda, mas também pressiona o IPCA, com previsões de 4,0% a 4,5% para os próximos anos.

Lucas Bosquesi destaca os desafios impostos pela alta taxa de juros: “Com a Selic elevada, setores como varejo, construção civil e bens de consumo tendem a ser mais impactados. Esses segmentos dependem do crédito para impulsionar o consumo e os investimentos, o que torna os custos mais altos e reduz a demanda. No entanto, setores como commodities, utilities (como energia elétrica e saneamento) e exportações podem se mostrar mais resilientes, especialmente por conta da demanda externa e do câmbio pressionado.”

Como minimizar riscos e garantir retornos positivos

Com a previsão de juros elevados até 2025, o desafio para os investidores será garantir retornos positivos sem expor a carteira a riscos excessivos. Bosquesi recomenda uma abordagem focada em renda fixa de alta qualidade e a diversificação para ativos dolarizados: “Uma estratégia eficiente envolve priorizar títulos de renda fixa atrelados ao CDI e à inflação, com foco em emissores de alta qualidade e baixo risco. Além disso, diversificar para ativos dolarizados como ações e ETFs internacionais é crucial para se proteger da volatilidade cambial e dos riscos da economia interna.”

Outro ponto destacado por Bosquesi são os títulos atrelados à inflação, como o Tesouro IPCA+ 2027, que estão oferecendo taxas próximas à IPCA+ 8% ao ano. “Esses títulos são uma excelente alternativa para quem busca proteger o capital e garantir ganhos reais, mesmo com a persistente alta de preços”, afirma.

A dolarização da carteira

O câmbio permanece um ponto de atenção para os investidores, já que o real enfrenta volatilidade tanto interna quanto externamente. A desancoragem das expectativas inflacionárias e a pressão fiscal aumentam a incerteza sobre a taxa de câmbio, o que pode impactar os ativos denominados em real.

“Diante desse cenário de câmbio pressionado e inflação elevada, a dolarização da carteira torna-se uma estratégia essencial. Utilizar ativos internacionais, como ações, ETFs e renda fixa em dólar, ajuda a diversificar o portfólio e mitigar os riscos cambiais”, explica Bosquesi. A diversificação para ativos globais não apenas oferece proteção contra a volatilidade cambial, mas também permite que os investidores se beneficiem das oportunidades de crescimento em outros mercados.