A Inbrands, controladora de marcas como Ellus, Richards e Salinas, está negociando a venda de sua participação de 50% na operação da Tommy Hilfiger no Brasil, que a empresa administra desde 2013. 

Essa transação faz parte de uma estratégia para reduzir sua dívida, de acordo com informações do Valor Econômico.

As negociações, que começaram a ganhar força no ano passado, envolvem grupos locais e internacionais especializados em marcas premium. Atualmente, as conversas estão em estágio avançado. Entre os interessados, a Aramis tem se destacado, com as condições do acordo avançando nos últimos meses. 

Além disso, o grupo panamenho ASW, que já possui 9% da Tommy Hilfiger no Brasil, também considera adquirir o controle total da operação.

Vale destacar que a Inbrands é controlada majoritariamente por Nelson Alvarenga e Americo Rodrigues Breia, que possuem 54,9% do capital, enquanto o Fundo de Investimento em Participações – PCP/Companhia Bauer, gerido pela Vinci, detém 44,9%.

Embora a Aramis tenha se mostrado interessada, preferiu não comentar os rumores, assim como a ASW e a Inbrands. Grupos como Arezzo&Co (ARZZ3) e Soma (SOMA3) já foram abordados, mas decidiram não seguir com as negociações. 

A Arezzo justificou sua decisão citando a falta de autonomia da Tommy Hilfiger no Brasil devido às regras globais da marca, o que limitaria sua flexibilidade operacional. Já a Soma avaliou que a marca, com forte apelo ao público masculino, não se encaixaria bem no portfólio focado em moda feminina.

Relação entre Inbrands e Tommy Hilfiger

Em 2022, a operação brasileira da Tommy Hilfiger registrou um patrimônio líquido de R$ 142,4 milhões e um lucro de R$ 41 milhões, marcando um crescimento de 80% em relação ao ano anterior, segundo o balanço divulgado pela Inbrands. No entanto, os dados financeiros de 2023 ainda não foram revelados.

Há um ano, a Inbrands expressou sua intenção de sair da joint venture, oferecendo a preferência de compra aos acionistas. As notificações foram enviadas à PVH, controladora global da Tommy Hilfiger e Calvin Klein, e à ASW (American Sportswear), ambas parceiras na joint venture. 

A ASW, que detém 9% da Tommy Hilfiger no Brasil, é responsável pela operação e distribuição das marcas da PVH em toda a América Latina, exceto no Brasil, onde atua apenas no segmento duty free. A PVH, por sua vez, possui 41% da operação da Tommy Hilfiger no Brasil.

A aquisição da participação da Inbrands seria um movimento estratégico para a ASW, consolidando seu controle sobre a marca na região. Contudo, a Tommy Hilfiger vem enfrentando desafios nas vendas internacionais. 

A receita líquida fora da América do Norte caiu de US$ 812 milhões no trimestre encerrado em abril de 2023 para US$ 700 milhões no trimestre finalizado em maio do mesmo ano.

No Brasil, a parceria entre Inbrands, PVH e ASW, iniciada em 2012, tinha como objetivo impulsionar o crescimento da Tommy Hilfiger, mas a marca ainda não atingiu todo o seu potencial no mercado local.

Paralelamente, a Inbrands tem lidado com problemas financeiros e operacionais há anos. Em 2024, a empresa registrou uma queda de 24% na receita líquida, que atingiu R$ 194 milhões, e o prejuízo aumentou de R$ 22 milhões para R$ 40 milhões no primeiro semestre. 

Atualmente, a Inbrands está em processo de reestruturação financeira, renegociando com bancos, fornecedores e debenturistas. Recentemente, a companhia tentou suspender os pagamentos das debêntures da terceira série, previstas entre agosto de 2024 e janeiro de 2025, mas a proposta foi rejeitada, com nova assembleia agendada para setembro.

A sobrevivência da Inbrands depende de sua capacidade de gerar fluxo de caixa suficiente para cumprir suas obrigações financeiras, conforme relatório da BDO. A empresa continua buscando estabilizar suas finanças e atrair novos investidores.