A produção industrial brasileira registrou leve retração de 0,4% em setembro, na comparação com agosto, segundo dados divulgados nesta terça-feira (4) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O resultado eliminou parte do avanço de 0,7% observado no mês anterior, mas ainda mantém o setor 2,3% acima do nível pré-pandemia.

Na comparação com setembro de 2024, a indústria cresceu 2%, e acumula alta de 1,5% nos últimos 12 meses. Apesar da leve queda no mês, o gerente da pesquisa, André Macedo, destacou que o desempenho do setor segue em trajetória positiva.

“O total da indústria avançou 1% nos nove meses de 2025, com predomínio de taxas positivas entre categorias econômicas e atividades industriais. Contudo, observa-se redução no ritmo de crescimento ao longo do ano”, afirmou Macedo.

Setores em queda e destaques positivos

Dos 25 ramos industriais pesquisados pelo IBGE, 12 apresentaram recuo na produção. O maior impacto negativo veio do setor de produtos farmoquímicos e farmacêuticos, com queda de 9,7%. Também contribuíram para o resultado o desempenho da indústria extrativa e o segmento de veículos automotores, reboques e carrocerias.

Entre os destaques positivos, o setor de produtos do fumo registrou expressiva alta de 19,5%, sendo o principal responsável por atenuar o resultado geral.

Avaliação do mercado

Para Sara Paixão, analista de macroeconomia da InvestSmart XP, o resultado de setembro veio em linha com as expectativas do mercado, refletindo o impacto das condições financeiras mais restritivas.

“A indústria continua acima do nível pré-pandemia, mas permanece bem abaixo do seu maior patamar, registrado em maio de 2011. O resultado de hoje está em linha com a tendência de desaceleração da atividade econômica, esperada para uma taxa Selic ainda em patamar restritivo”, avaliou Paixão.

Segundo a analista, o comportamento da produção industrial reforça a visão de que o Copom deve manter uma postura cautelosa na reunião de política monetária desta quarta-feira (5).

“Vale ressaltar que a indústria tem forte correlação com a concessão de crédito, que vem mostrando arrefecimento nos últimos meses — o que também contribui para o resultado negativo”, acrescentou.

Com o desempenho de setembro, o setor industrial brasileiro segue em ritmo moderado, consolidando um cenário de expansão mais lenta diante do ambiente de juros elevados e crédito mais restrito.

Pedro Gomes

Jornalista formado pela UniCarioca, com experiência em esportes, mercado imobiliário e edtechs. Desde 2023, integra a equipe do Melhor Investimento.