IFI vê meta fiscal de 2025 como viável, mas aponta alerta para 2026
Relatório do Senado indica possível cumprimento do déficit zero em 2025, mas cenário de 2026 exigirá esforço fiscal bilionário.

A Instituição Fiscal Independente (IFI), ligada ao Senado Federal, divulgou seu Relatório de Acompanhamento Fiscal (RAF) de abril, trazendo novas projeções sobre o desempenho das contas públicas do governo federal nos próximos anos.
A avaliação indica que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem boas chances de atingir a meta de déficit primário zero em 2025. Contudo, para 2026, o cenário se complica, e a instituição prevê desafios expressivos para a obtenção do superávit previsto.
Segundo a IFI, o déficit de 2024 deve atingir R$ 64,2 bilhões — número equivalente a 0,51% do Produto Interno Bruto (PIB). Esse valor supera a margem de tolerância do arcabouço fiscal, que permite um déficit de até 0,25% do PIB.
Apesar disso, a entidade considera que a meta de 2025 pode ser alcançada desde que o governo utilize estratégias como o abatimento de despesas excepcionais, entre elas o pagamento de precatórios, que são atualmente excluídos do cálculo do resultado primário por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).
Em contrapartida, para 2026, a projeção é de um déficit primário de R$ 128 bilhões, representando 0,95% do PIB. A meta oficial, contudo, é um superávit de 0,25%, o que implica em um esforço fiscal de cerca de R$ 72,3 bilhões. A dificuldade de reversão desse quadro se dá, segundo o relatório, pela rigidez orçamentária e pela limitação na redução de despesas obrigatórias.
Meta de 2026 exigirá cortes e aumento de arrecadação
O documento também chama a atenção para a expectativa de um crescimento econômico mais moderado e uma inflação sob controle, fatores que, apesar de positivos sob a ótica da estabilidade macroeconômica, podem restringir o avanço da arrecadação. A menor margem para elevar receitas sem criar novas fontes tributárias agrava o desafio fiscal.
Outro aspecto que pressiona o cenário a partir de 2027 é a retomada do pagamento integral dos precatórios, que voltará a ser contabilizado dentro do resultado primário. Essa mudança deverá representar um impacto significativo no orçamento, exigindo ainda mais equilíbrio e ajustes por parte do governo federal.
A IFI destaca que, para que a política fiscal seja sustentável no médio prazo, será necessário não apenas conter despesas, mas também reformular gastos obrigatórios e avaliar formas de aumentar a arrecadação sem comprometer o crescimento econômico. A mensagem central do relatório é clara: 2025 é possível, mas 2026 exigirá medidas estruturais urgentes.