O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira, encerrou a sessão desta quarta-feira (25) com uma queda de 0,43%, registrando 131.586,45 pontos. Embora o mercado tenha recebido algumas notícias macroeconômicas favoráveis, como a desaceleração da prévia da inflação e medidas de estímulo econômico da China, o índice foi puxado para baixo pelas perdas expressivas de algumas ações importantes, como B3 (B3SA3), que caiu 3,34%. O dólar comercial, por sua vez, encerrou o dia em alta, cotado a R$ 5,47, enquanto os juros futuros (DIs) caíram ao longo da curva.

Mercado reage com cautela após dados inflacionários e notícias da China

Uma das principais razões para o cenário misto no mercado foi a divulgação da prévia da inflação de setembro, o IPCA-15, que surpreendeu ao desacelerar para 0,13%. Esse dado foi significativamente inferior ao esperado, visto que as projeções do mercado indicavam uma aceleração para 0,30%. Nos últimos 12 meses, o índice acumula uma alta de 4,12%, abaixo dos 4,35% registrados nos 12 meses anteriores. Segundo economistas, o resultado foi positivo, reforçando a perspectiva de uma inflação sob controle no curto prazo.

Luis Otávio Leal, economista-chefe da G5 Partners, destacou que a desaceleração não pode ser atribuída a fatores isolados ou pontuais, mas sim à melhoria generalizada. Apesar disso, o economista Pedro Caldeira, da One Investimentos, alertou que as preocupações fiscais do Brasil continuam a pesar sobre o mercado, afetando o otimismo com os dados inflacionários.

Além disso, o banco central da China anunciou uma redução na taxa de empréstimo de médio prazo para algumas instituições financeiras, reforçando as medidas de estímulo econômico divulgadas anteriormente. Esse movimento visa impulsionar a economia do gigante asiático, o que poderia beneficiar indiretamente mercados emergentes, incluindo o Brasil, especialmente em setores como mineração e petróleo.

Ações da Vale e Petrobras fecham em alta, mas B3 pressiona o índice

Mesmo com essas notícias positivas, o Ibovespa foi pressionado principalmente pela queda da B3, que recuou 3,34%, sendo um dos grandes responsáveis pela retração do índice. No entanto, grandes pesos do índice, como Vale (VALE3) e Petrobras (PETR4), tiveram desempenhos positivos, ajudando a conter uma queda ainda maior. As ações da Vale subiram 0,45%, impulsionadas pela perspectiva de crescimento econômico da China, enquanto a Petrobras avançou 0,73%, beneficiada pela alta nos preços do petróleo no mercado internacional.

Entre as ações mais negociadas do dia, além de Petrobras e Vale, destaque para Ambev (ABEV3), que caiu 0,63%, e Bradesco (BBDC4), que subiu 0,63%. A movimentação positiva em alguns desses ativos reflete as expectativas sobre os dados econômicos internacionais e as reações do mercado em relação ao cenário global.

Eletrobras recua após ação judicial e incertezas internas

A Eletrobras (ELET3) também apresentou uma queda significativa de 1,24%, em meio à notícia de que a Associação dos Empregados da Eletrobras (AEEL) entrou com uma ação civil pública contra a empresa e seu presidente, Ivan Monteiro. A acusação é de omissão de informações relevantes, o que gerou incertezas no mercado sobre a governança da companhia, afetando diretamente o desempenho de suas ações.

Maiores altas do Ibovespa nesta quarta (25)

TickerValorização (%)Valor por ação (R$)
BRKM5+4.42%R$ 20,07
CMIN3+2.43%R$ 6,75
BRFS3+2.39%R$ 25,27
MRFG3+2.09%R$ 14,19
PETZ3+1.27%R$ 4,77

Maiores baixas do Ibovespa nesta quarta (25)

TickerValorização (%)Valor por ação (R$)
BRAV3-6.47%R$ 18,20
COGN3-5.30%R$ 1,25
YDUQ3-5.00%R$ 9,12
ASAI3-4.54%R$ 7,78
AZZA3-4.17%R$ 42,94

Expectativa para a fala de Jerome Powell e PIB dos EUA

Com o fim do pregão, as atenções se voltam agora para os dados do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos, que será divulgado amanhã, e para a fala de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed). O mercado espera que Powell traga sinais mais claros sobre o rumo da política monetária norte-americana, especialmente no que diz respeito às taxas de juros, que têm sido um tema de grande preocupação para investidores globais.

A política monetária dos EUA tem um impacto direto nos mercados emergentes, incluindo o Brasil. Um sinal de que o Fed pode continuar com uma postura mais rígida, mantendo as taxas de juros em níveis elevados, pode pressionar ainda mais as moedas emergentes, incluindo o real, e provocar volatilidade nas bolsas de valores.

Desempenho das principais ações e índices internacionais

No cenário internacional, os principais índices de Nova York fecharam de forma mista, refletindo a cautela dos investidores antes da divulgação do PCE (índice de inflação de consumo pessoal), esperado para sexta-feira (27). O Dow Jones caiu 0,70%, o S&P 500 recuou 0,19%, enquanto o Nasdaq teve leve alta de 0,04%.

A alta no dólar comercial no Brasil, que subiu 0,23%, indo a R$ 5,47, seguiu o movimento da moeda norte-americana globalmente. O índice DXY, que mede a força do dólar em relação a uma cesta de moedas, subiu 0,51%, mostrando a força da divisa nos mercados globais.

Ibovespa, dólar e índice das bolsas americanas

NomeFechamento Variação em ptsVariação em %
🇧🇷 Bovespa131.586-569-0,43%
🇧🇷 USD/BRL5,4774+0,0233+0,43%
🇺🇸 S&P 5005.722,26-10,67-0,19%

Julia Peres

Redatora do Melhor Investimento.