Ibovespa recua com pressão de Wall Street
O Ibovespa encerrou a sexta-feira (28) em queda de 0,94%, impactado pelo pessimismo global e pela alta dos juros futuros no Brasil. O dólar avançou 0,15%, fechando a R$ 5,76, refletindo a aversão ao risco nos mercados.

O Ibovespa encerrou a sessão desta sexta-feira (28) em queda, acompanhando o pessimismo dos mercados internacionais. O principal índice da B3 foi impactado pela forte desvalorização de Wall Street e pelos novos dados do mercado de trabalho brasileiro, que trouxeram reflexos na curva de juros. Já o dólar avançou frente ao real, fechando acima de R$ 5,76.
Ibovespa fecha em queda e dólar avança
O Ibovespa caiu 0,94%, encerrando o dia aos 131.902 pontos. O desempenho da semana, que até então acumulava leve alta, virou para o campo negativo, com um recuo de 0,34% nos últimos cinco pregões.
O dólar à vista, por sua vez, teve uma valorização de 0,15%, fechando a R$ 5,7618. Na semana, a moeda acumulou alta de 0,77%, impulsionada pelo aumento das preocupações com a política monetária dos Estados Unidos e os impactos no fluxo de capital para economias emergentes.
A retração do índice brasileiro foi influenciada pela aversão ao risco no cenário internacional, refletindo a queda dos principais índices norte-americanos. Além disso, os dados positivos do mercado de trabalho no Brasil trouxeram pressão para a curva de juros, o que afetou setores sensíveis ao crédito na B3.
Mercado de trabalho brasileiro surpreende e impacta juros
No cenário interno, os dados do mercado de trabalho foram um dos fatores de maior impacto. A taxa de desemprego do Brasil subiu para 6,8% no trimestre encerrado em fevereiro, de acordo com o IBGE. O número representou uma alta em relação aos 6,1% do trimestre anterior.
Outro dado relevante foi a criação de 431.995 vagas formais de trabalho no país em fevereiro, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Esse resultado foi o maior já registrado para o mês e superou amplamente as expectativas do mercado, que projetavam a abertura de 250.000 postos de trabalho.
Os números mais fortes que o esperado influenciaram a curva de juros, já que um mercado de trabalho aquecido pode aumentar pressões inflacionárias, reduzindo as chances de cortes mais agressivos na taxa Selic nos próximos meses. Esse fator pesou sobre ações de setores cíclicos e de consumo na bolsa.
Destaques do pregão: Cogna lidera altas; Vamos, GPA e Usiminas entre as quedas
No Ibovespa, alguns papéis se destacaram tanto na ponta positiva quanto negativa.
Entre as maiores altas, Cogna (COGN3) avançou pela quarta sessão consecutiva, sustentada pela perspectiva otimista do Bradesco BBI sobre o desempenho da empresa, que pode registrar crescimento expressivo de receita e Ebitda ao longo do ano.
Outra ação que figurou entre os destaques foi Eneva (ENEV3), impulsionada pela notícia de que André Esteves, presidente do BTG Pactual, assumirá uma cadeira no conselho de administração da companhia.
Já entre as baixas, ações ligadas ao consumo e à economia doméstica foram as mais penalizadas. Vamos (VAMO3), GPA (PCAR3) e Usiminas (USIM5) recuaram devido à abertura da curva de juros, que encarece o custo do crédito e reduz o apetite por esses ativos.
Além disso, as ações da Petrobras (PETR4;PETR3) e da Vale (VALE3) também fecharam em queda, acompanhando o desempenho das commodities no exterior.
Cenário externo pesa sobre mercados globais
Os mercados internacionais tiveram um dia de forte aversão ao risco. Nos Estados Unidos, os investidores reagiram a novos dados econômicos, que indicaram um possível cenário inflacionário mais persistente.
O Índice de Confiança do Consumidor da Universidade de Michigan caiu de 64,7 para 57,0 pontos em março, abaixo das expectativas do mercado.
Outro dado relevante foi o Índice de Preços para Despesas com Consumo Pessoal (PCE), a métrica de inflação preferida do Federal Reserve (Fed). O índice cheio subiu 0,3% em fevereiro e atingiu 2,5% em 12 meses, em linha com as previsões. No entanto, o núcleo da inflação, que exclui itens voláteis como alimentos e energia, avançou 0,4% no mês e 2,8% na base anual, superando as expectativas e reforçando preocupações sobre a necessidade de manter os juros elevados por mais tempo.
O cenário de maior cautela se refletiu nos principais índices de Nova York:
- Dow Jones: -1,69%, aos 41.583,90 pontos.
- S&P 500: -1,97%, aos 5.580,94 pontos.
- Nasdaq: -2,70%, aos 17.322,99 pontos.
Na semana, os índices acumulam perdas de aproximadamente 1% para Dow Jones e S&P 500, enquanto o Nasdaq recuou mais de 2%.
Política e comércio: tarifas dos EUA sobre Canadá seguem em vigor
No campo político e comercial, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, confirmou que manterá as tarifas sobre o Canadá.
Trump teve uma conversa com o novo primeiro-ministro canadense, Mark Carney, recém-eleito líder do partido liberal, e afirmou que os dois países seguirão discutindo questões econômicas após as eleições canadenses.
Além disso, as tarifas recíprocas anunciadas pelos EUA entram em vigor na próxima semana, aumentando a tensão comercial entre os dois países.
Maiores altas do Ibovespa hoje (28)
Ticker | Valorização (%) | Valor por ação (R$) |
COGN3 | +3.92% | R$ 2,12 |
BEEF3 | +2.31% | R$ 6,21 |
HYPE3 | +1.43% | R$ 19,76 |
MRFG3 | +1.29% | R$ 18,06 |
IRBR3 | +1.24% | R$ 52,21 |
Maiores quedas do Ibovespa hoje (28)
Ticker | Valorização (%) | Valor por ação (R$) |
VAMO3 | -9.32% | R$ 4,67 |
PCAR3 | -5.24% | R$ 2,71 |
USIM5 | -3.87% | R$ 5,72 |
AMOB3 | -3.85% | R$ 0,25 |
POMO4 | -3.29% | R$ 6,46 |
Ibovespa, dólar e índice das bolsas americanas
Nome | Fechamento | Variação em pts | Variação em % |
🇧🇷 Bovespa | 132.171 | -977 | -0,73% |
🇧🇷 USD/BRL | 5,7599 | +0,0155 | +0,27% |
🇺🇸 S&P 500 | 5.578,50 | -114,81 | -2,02% |
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