O Ibovespa (IBOV), principal índice da Bolsa brasileira, registrou uma queda de 1,27% nesta sexta-feira (7), encerrando o dia aos 124.619,40 pontos. A perda de mais de 1.600 pontos no pregão de hoje é resultado de uma combinação de fatores internos e externos que pressionaram o mercado. Entre as principais influências, destacam-se as quedas nas ações do Bradesco (BBDC4), a tensão sobre o cenário fiscal, com a possibilidade de reajuste no Bolsa Família, e o impacto de medidas tarifárias de Donald Trump.

Além disso, o dólar à vista (USBRL) teve uma valorização de 0,52%, fechando o dia a R$ 5,7936, influenciado pela instabilidade interna e externa. A soma dos eventos impactou o índice e a moeda, deixando o mercado financeiro cauteloso para os próximos dias.

Ibovespa perde 1,27% e preocupações fiscais pesam no mercado

O Ibovespa, que vinha de uma sequência de oscilações, viu seu desempenho ser fortemente afetado pelos números financeiros do Bradesco (BBDC4). Embora o banco tenha apresentado um lucro recorrente de R$ 5,4 bilhões no quarto trimestre de 2024 (4T24), com um crescimento de 87,7% em relação ao ano anterior, o desempenho do banco ficou aquém das expectativas do mercado. A principal razão para a reação negativa foi o ajuste positivo de R$ 468 milhões relacionado a itens não-recorrentes, que afetou a percepção dos investidores sobre a consistência dos resultados.

Em resposta a esses números, as ações do Bradesco caíram mais de 4%, sendo o papel mais negociado na B3. Além disso, o mercado ainda se preocupa com o cenário fiscal no Brasil. O governo federal está avaliando a possibilidade de reajustar o Bolsa Família para combater o aumento dos preços dos alimentos, o que agrava ainda mais as preocupações com a inflação.

A proposta de reajuste do benefício pode ser vista como uma tentativa de aliviar a pressão sobre as famílias brasileiras, mas especialistas alertam que isso pode agravar o quadro inflacionário. O mercado, que já esperava a necessidade de cortes de gastos do governo, vê a possível medida como um fator de risco para a estabilidade econômica.

Impacto do reajuste do Bolsa Família no mercado

A possibilidade de reajuste no Bolsa Família gerou um forte impacto no mercado financeiro, com os investidores temendo que o aumento do valor do benefício possa levar a um agravamento da inflação. Em entrevista à DW Brasil, o ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), Wellington Dias, mencionou que está preparando um relatório sobre o assunto, com a intenção de apresentá-lo ao presidente Lula até março. A proposta se torna ainda mais relevante em um cenário de alta de preços, especialmente no setor alimentício, que tem pressionado o orçamento das famílias brasileiras.

Embora a medida tenha como objetivo aumentar o poder de compra das famílias, o mercado permanece cauteloso, pois acredita que esse ajuste poderia contribuir para um ciclo inflacionário mais robusto. Além disso, essa medida poderia entrar em contradição com a expectativa de que o governo implementasse políticas fiscais mais rígidas para conter os gastos.

Dólar sobe a R$ 5,79 e perspectivas para a moeda

No mercado de câmbio, o dólar registrou alta de 0,52%, fechando a R$ 5,7936. Esse movimento é reflexo das incertezas políticas e econômicas internas, que influenciam diretamente o comportamento da moeda estrangeira. A valorização do dólar também ocorre em um cenário internacional de volatilidade. Apesar da alta no dia, o dólar teve uma queda acumulada de 0,74% na semana.

A elevação do dólar, embora moderada, contribui para a percepção de que os investidores estão buscando proteção no ativo estrangeiro devido às incertezas fiscais e políticas que rondam o cenário nacional. Além disso, a inflação doméstica, impulsionada principalmente pelos aumentos nos preços dos alimentos, é um fator adicional que tem pressionado a moeda brasileira.

Ações de Petrobras (PETR4) e Vale (VALE3) também sofrem queda

No lado das commodities, as ações de Petrobras (PETR4; PETR3) e Vale (VALE3) também registraram perdas. A pressão sobre as ações de ambas as gigantes se deu principalmente devido ao aumento das tensões relacionadas às tarifas impostas por Donald Trump, que continuam a afetar os mercados globais, especialmente os de petróleo e minério de ferro. As incertezas sobre as políticas tarifárias impactaram diretamente a percepção do mercado sobre o futuro dessas empresas e as perspectivas para suas operações.

Desempenho de outras ações no Ibovespa

Entre as ações que se destacaram no pregão, Totvs (TOTS3) e Cogna (COGN3) tiveram desempenhos positivos, liderando as altas do dia. Cogna, em particular, teve uma recuperação significativa, com alta de quase 8% durante a semana, na tentativa de recuperar as perdas acumuladas. No entanto, Automob (AMOB3) liderou as quedas, com uma desvalorização de mais de 19% durante a semana. A ação da Automob não teve grandes novidades corporativas para justificar a queda acentuada, o que indica uma pressão externa, provavelmente influenciada pelo cenário macroeconômico.

Maiores altas do Ibovespa hoje (07)

TickerValorização (%)Valor por ação (R$)
TOTS3+2.69%R$ 33,54
HAPV3+2.64%R$ 2,33
FLRY3+1.83%R$ 11,69
COGN3+1.33%R$ 1,52
ASAI3+1.15%R$ 7,06

Maiores quedas do Ibovespa hoje (07)

TickerValorização (%)Valor por ação (R$)
AMOB3-7.41%R$ 0,25
CSAN3-6.14%R$ 7,18
RENT3-6.11%R$ 29,94
VAMO3-4.92%R$ 4,06
BEEF3-4.72%R$ 4,44

Ibovespa, dólar e índice das bolsas americanas

NomeFechamentoVariação em ptsVariação em %
🇧🇷 Bovespa124.619-1.605-1,27%
🇧🇷 USD/BRL5,8070+0,0468+0,81%
🇺🇸 S&P 5006.026,01-57,56-0,95%

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Julia Peres

Redatora do Melhor Investimento.