IBOV fecha em queda pelo 3° dia consecutivo após decisão do Copom, apesar das altas de Vale e Petrobras
A expectativa agora se volta para a decisão do Copom sobre a Selic.
O Ibovespa encerrou esta quinta-feira (19) com sua terceira queda seguida, fechando com uma baixa de 0,47%, aos 133.122,67 pontos, no menor nível do dia. A sessão foi marcada pela reação negativa do mercado à alta de 0,25 ponto percentual na taxa Selic, anunciada pelo Banco Central na quarta-feira (18), e pela expectativa em torno das novas decisões monetárias no Brasil e no exterior. Apesar do cenário adverso, empresas como Vale e Petrobras registraram ganhos, impulsionadas pelo cenário internacional.
Impacto das decisões do Copom e do Fed nas bolsas
Com o aumento da taxa básica de juros no Brasil para 11,75%, conforme decisão do Copom, o mercado reagiu com cautela. A alta, embora esperada por analistas, reforça a percepção de que o Banco Central adota uma postura mais rígida no combate à inflação. Essa política monetária mais agressiva pode ser positiva no curto prazo para conter a alta dos preços, mas, segundo especialistas, também traz preocupações sobre o impacto no crescimento econômico a longo prazo.
Nos Estados Unidos, a situação foi distinta. O Federal Reserve anunciou um corte de 0,50 ponto percentual nas taxas de juros, o que impulsionou os índices em Wall Street. O Nasdaq subiu 2,5%, enquanto o Dow Jones atingiu a marca inédita de 42 mil pontos. A política monetária mais flexível adotada pelo Fed foi vista como um alívio para o mercado, incentivando o otimismo entre os investidores e favorecendo as small caps, que tendem a se beneficiar mais rapidamente de condições financeiras mais favoráveis.
Vale e Petrobras em alta
Apesar da queda geral do Ibovespa, algumas blue chips apresentaram resultados positivos. A Vale (VALE3) registrou uma alta de 1,20%, refletindo a valorização do minério de ferro na China. O otimismo com a possível implementação de estímulos pelo governo chinês para aquecer a economia local aumentou a demanda pelo minério, principal produto de exportação da mineradora.
A Petrobras (PETR4) também fechou em alta, subindo 0,33%. O preço do petróleo subiu no mercado internacional, impulsionado pelas tensões no Oriente Médio, o que beneficiou a estatal brasileira. Outra empresa do setor de energia, PRIO (PRIO3), também obteve bons resultados, com uma valorização de 1,90%, consolidando-se entre as mais negociadas do dia no mercado de ações.
Bancos em queda e frigoríficos em alta
Entre os setores que mais influenciaram a queda do Ibovespa estão os bancos. Grandes instituições financeiras como Banco do Brasil (BBAS3), Bradesco (BBDC4), Itaú Unibanco (ITUB4) e Santander (SANB11) apresentaram quedas significativas. O BBAS3 recuou 0,81%, enquanto o BBDC4 caiu 1,20%. O Itaú Unibanco e o Santander também fecharam o dia em baixa, com quedas de 0,27% e 0,72%, respectivamente. A aversão ao risco do mercado diante do aumento dos juros contribuiu para o desempenho negativo das ações dos bancos.
Por outro lado, o setor de frigoríficos teve um dia positivo, com destaque para BRF (BRFS3) e Marfrig (MRFG3). A BRF registrou alta de 4,20%, enquanto a Marfrig subiu 4,32%, após o mercado financeiro reforçar seu otimismo com o setor. O crescimento da demanda por proteínas no mercado interno e externo contribuiu para o desempenho positivo das empresas.
Outras quedas no Ibovespa
Além do setor bancário, outros destaques negativos incluíram a Braskem (BRKM5) e a AgroGalaxy (AGXY3). A Braskem, que havia subido cerca de 5% no pregão anterior, não conseguiu manter o ritmo e caiu 3,49%. A ação foi impactada pela alta nas tarifas de importação e pela volatilidade do mercado petroquímico.
A AgroGalaxy sofreu um novo baque no mercado, com queda de 25,51%, após ter despencado mais de 13% na quarta-feira. A empresa enfrenta dificuldades financeiras e está em processo de recuperação judicial, o que resultou na queda acentuada do valor de suas ações. Com a ação sendo negociada abaixo de R$ 1, a empresa permanece em uma situação delicada.
A maior queda do dia, no entanto, ficou por conta da Brava (BRAV3), que caiu 9,40%. A empresa anunciou a extensão da parada de produção no campo de Papa-Terra, o que gerou uma reação negativa por parte dos investidores.
Maiores altas do IBOV hoje (19)
Ticker | Valorização (%) | Valor por ação (R$) |
MRFG3 | +4.32% | R$ 14,50 |
BRFS3 | +4.20% | R$ 25,05 |
PRIO3 | +1.90% | R$ 44,01 |
CSNA3 | +1.35% | R$ 12,05 |
CMIN3 | +1.26% | R$ 6,41 |
Maiores quedas do IBOV hoje (19)
Ticker | Valorização (%) | Valor por ação (R$) |
BRAV3 | -9.40% | R$ 18,89 |
ASAI3 | -5.15% | R$ 8,29 |
HAPV3 | -4.08% | R$ 4,47 |
VAMO3 | -3.77% | R$ 6,89 |
PCAR3 | -3.61% | R$ 2,94 |
Dólar comercial em queda e juros futuros em alta
O dólar comercial seguiu a tendência de queda e recuou 0,70%, cotado a R$ 5,42, marcando sua sétima baixa consecutiva frente ao real. Durante o dia, o câmbio chegou a romper a barreira de R$ 5,40, tocando R$ 5,396 na mínima. O movimento de queda do dólar foi contrário à leve alta do índice DXY, que mede o desempenho da moeda americana em relação a uma cesta de moedas globais.
No mercado de juros futuros, os contratos de DI apresentaram alta em toda a curva, refletindo as expectativas do mercado sobre a política monetária do Banco Central. A alta dos juros reforça o cenário de aperto monetário, com o mercado precificando novas elevações na taxa Selic para controlar a inflação, que ainda permanece acima da meta do governo.
Ibovespa, dólar e índice das bolsas americanas
Nome | Fechamento | Variação em pts | Variação em % | |
🇧🇷 Bovespa | 133.123,00 | -625,00 | -0,47% | |
🇧🇷 USD/BRL | 5,4253 | -0,0357 | -0,65% | |
🇺🇸 S&P 500 | 5.713,64 | +95,38 | +1,70% |
Expectativas para o Banco do Japão e próximos passos
O mercado agora se prepara para a decisão de juros do Banco do Japão, que será anunciada na sexta-feira (20). A expectativa é que o banco central japonês mantenha sua política monetária ultraexpansionista, mas qualquer surpresa pode trazer volatilidade para os mercados globais.
Com uma semana intensa de decisões econômicas globais, os investidores ainda estão cautelosos em relação aos próximos movimentos, especialmente no Brasil, onde o aperto monetário pode continuar. Contudo, com a agenda econômica esvaziada, as atenções estão voltadas para eventos internacionais, que podem influenciar o comportamento do mercado nos próximos dias.