O principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo, o Ibovespa, fechou mais um pregão em alta, atingindo 136.464 pontos, marcando um novo recorde histórico de fechamento. Durante o dia, o índice também ultrapassou pela primeira vez a marca dos 137 mil pontos, alcançando uma máxima intradiária de 137.039,54 pontos.

O desempenho do Ibovespa tem sido notável nas últimas semanas, com apenas um dia de queda nos últimos 12 pregões. Esse movimento ascendente reflete a combinação de fatores positivos tanto no cenário doméstico quanto internacional, com destaque para a performance das commodities e a expectativa de flexibilização da política monetária nos Estados Unidos.

Vale impulsiona o Ibovespa: commodities em foco

A Vale (VALE3), uma das principais empresas do setor de mineração, teve um papel crucial no impulso do Ibovespa, registrando uma alta de 1,92% no pregão. A valorização das ações da mineradora foi impulsionada por medidas adotadas pelo governo chinês para estimular o setor imobiliário, um dos maiores consumidores de minério de ferro do mundo.

Essas ações do governo chinês foram bem recebidas pelo mercado, visto que sinalizam um aumento na demanda por commodities, beneficiando diretamente empresas exportadoras como a Vale. Essa recuperação no preço do minério de ferro ajudou a contrabalançar a queda registrada nas ações dos bancos e da Petrobras (PETR4), que recuou 0,60% devido à baixa nos preços internacionais do petróleo.

Além disso, a alta no preço do minério de ferro não só favorece a Vale, mas também influencia positivamente outras empresas do setor de mineração e metalurgia listadas na B3, contribuindo para o fortalecimento do índice.

Ata do Fomc: efeitos no mercado brasileiro

A divulgação da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária dos Estados Unidos (Fomc) também desempenhou um papel importante na movimentação do mercado financeiro brasileiro. A ata revelou um tom mais “dovish” por parte dos membros do comitê, indicando que a maioria considera apropriado iniciar a flexibilização da política monetária em breve, caso os dados econômicos continuem a evoluir conforme o esperado.

Essa perspectiva de cortes na taxa de juros americana gera impactos diretos no mercado brasileiro, especialmente no câmbio e nos juros futuros. Com a expectativa de juros mais baixos nos Estados Unidos, o real tende a se valorizar, enquanto os juros futuros no Brasil podem apresentar queda nos prazos mais curtos, refletindo uma menor pressão inflacionária e a possível redução da Selic no futuro próximo.

Economistas como Nicolas Borsoi, da Nova Futura Investimentos, e Danilo Igliori, da Nomad, destacaram que o início do ciclo de cortes de juros deve ocorrer em setembro, mas o tamanho do corte ainda gera incertezas no mercado.

CVC: maior alta do pregão

A CVC (CVCB3) foi o destaque entre as ações que compõem o Ibovespa, com uma alta expressiva de 12,75% no pregão. Esse desempenho foi impulsionado por um aumento na participação de uma gestora na empresa, o que renovou o otimismo dos investidores em relação ao potencial de recuperação da companhia.

A CVC, que atua no setor de turismo, tem enfrentado desafios significativos nos últimos anos, mas a recente movimentação no capital da empresa indica uma confiança renovada no mercado, o que foi prontamente refletido na valorização de suas ações.

Comportamento do dólar e juros futuros

No mercado cambial, o dólar comercial apresentou oscilações ao longo do dia, mas acabou fechando em queda de 0,15%, cotado a R$ 5,47. A desvalorização da moeda americana foi influenciada pela expectativa de flexibilização da política monetária nos Estados Unidos, o que tende a reduzir o diferencial de juros entre Brasil e EUA, favorecendo a valorização do real.

No mercado de juros futuros, os DIs tiveram comportamentos divergentes: os vencimentos de curto prazo caíram, refletindo as expectativas de uma Selic menos pressionada, enquanto os prazos médios e longos registraram alta, em resposta às incertezas sobre a política fiscal e a evolução da inflação no médio prazo.

Oscilações nos bancos e desempenho da B3

O setor bancário apresentou um dia de volatilidade. Banco do Brasil (BBAS3), Bradesco (BBDC4) e Itaú Unibanco (ITUB4) registraram pequenas quedas, enquanto o Santander (SANB11) fechou estável. A B3 (B3SA3), por sua vez, teve uma leve alta de 0,47%, mesmo após uma revisão negativa das expectativas por parte dos analistas da XP.

Perspectivas para o Ibovespa

O mercado agora volta suas atenções para os próximos indicadores econômicos, especialmente os números dos PMIs globais, que serão divulgados amanhã. A continuidade do movimento de alta do Ibovespa dependerá do cenário externo e da evolução dos preços das commodities, que têm sido fundamentais para os recentes recordes do índice.

Com o Ibovespa em trajetória de alta, os investidores aguardam para ver se o índice conseguirá manter seu ímpeto positivo nas próximas sessões, especialmente em um contexto de possível flexibilização da política monetária nos Estados Unidos e de recuperação econômica global.

Maiores altas do Ibovespa nesta quarta-feira (21)

TickerValorização (%)Valor por ação (R$)
CVCB3+12.75%R$ 2,30
PETZ3+7.07%R$ 5,15
GGBR4+3.83%R$ 18,43
CMIN3+3.80%R$ 5,46
CSNA3+3.70%R$ 12,33

Maiores baixas do Ibovespa nesta quarta-feira (21)

Maiores baixas

TickerValorização (%)Valor por ação (R$)
ASAI3-3.42%R$ 9,87
DXCO3-2.29%R$ 8,11
COGN3-2.11%R$ 1,39
EZTC3-2.09%R$ 14,53
PRIO3-2.05%R$ 46,85

Ibovespa, dólar e índice das bolsas americanas

NomeFechamentoVariação em ptsVariação em %
  🇧🇷 Bovespa136.463.66+376,25+0,28
  🇧🇷 USD/BRL5,4856+0,0077+0,14
  🇺🇸 S&P 5005.619,0+22,3+0,40
Julia Peres

Redatora do Melhor Investimento.