O mês de outubro começou com um cenário tenso no mercado financeiro, mas o Ibovespa surpreendeu ao fechar em alta de 0,51%, atingindo 132.495,16 pontos. A escalada do conflito no Oriente Médio, particularmente após o ataque do Irã a Israel, impactou o mercado de petróleo e teve repercussões significativas nas bolsas de valores. Neste contexto, a ação da Petrobras (PETR4) teve um papel central, impulsionando a alta do principal índice da Bolsa brasileira.

Contexto geopolítico e impacto nos mercados

Na tarde do dia 1º de outubro, sirenes soaram em Jerusalém e Tel Aviv, sinalizando um novo episódio de tensões no Oriente Médio. O Irã lançou mais de 200 mísseis em direção a Israel, chamando essa ação de “resposta” a ataques israelenses no Líbano e em Gaza. Essa escalada militar reacendeu o temor de uma guerra regional, que poderia atrair a participação dos Estados Unidos e de outras potências, elevando as incertezas globais.

Em meio a esse clima de instabilidade, o preço do petróleo disparou mais de 5% em seu pico do dia. Embora as bolsas de Nova York tenham enfrentado perdas significativas, com investidores preocupados com a possibilidade de inflação elevada, o Ibovespa se beneficiou da composição setorial que favorece ações ligadas à energia, como a Petrobras.

O desempenho do Ibovespa e o papel da Petrobras

A alta do Ibovespa foi impulsionada principalmente pela valorização das ações da Petrobras (PETR4), que avançaram 2,67% ao longo do pregão. Em um momento crítico, a estatal chegou a registrar uma alta superior a 5%. Essa performance positiva se estendeu a outras ações do setor de energia, como PRIO (PRIO3), que subiu 2,15%, e Brava (BRAV3), que valorizou 1,87%. A Vale (VALE3) também teve um desempenho positivo, com uma alta de 0,49%, embora sem a referência chinesa, que costuma influenciar suas operações.

Por outro lado, nem todas as ações se beneficiaram da alta do petróleo. A Azul (AZUL4), em meio a tentativas de renegociação de dívidas, viu suas ações recuarem 5,13%, enquanto a Gol (GOLL4) enfrentou uma desvalorização de 4,65%. As operadoras aéreas sofrem com o aumento dos custos de combustíveis, tornando-se vulneráveis em um cenário de pressão inflacionária.

O setor financeiro apresentou um comportamento misto, com o Bradesco (BBDC4) avançando 1,09%. Contudo, Itaú Unibanco (ITUB4) e Banco do Brasil (BBAS3) caíram 1,65% e 0,37%, respectivamente. No varejo, houve uma recuperação após quedas iniciais, mas nomes como Magazine Luiza (MGLU3) e Lojas Renner (LREN3) ainda apresentaram leves perdas de 0,21% e 1,05%. O Assaí (ASAI3) registrou uma queda mais acentuada, de 4,69%, em meio a investigações da Receita Federal.

Maiores altas do IBOV no primeiro dia do mês de outubro

TickerValorização (%)Valor por ação (R$)
MRVE3+4.56%R$ 7,57
ABEV3+3.98%R$ 13,60
CMIN3+3.62%R$ 7,15
PETZ3+3.39%R$ 4,88
RADL3+3.18%R$ 26,30

Maiores baixas do IBOV no primeiro dia do mês de outubro

TickerValorização (%)Valor por ação (R$)
ASAI3-4.69%R$ 7,12
AZUL4-4.65%R$ 5,95
VAMO3-2.72%R$ 6,43
PCAR3-2.13%R$ 2,76
FLRY3-1.88%R$ 15,14

A preocupação com o fiscal e o papel do Banco Central

As tensões no mercado não se restringem apenas a questões geopolíticas. O cenário fiscal brasileiro continua a ser uma preocupação central para os investidores. Durante uma palestra, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, enfatizou a necessidade de um “choque fiscal positivo” para que o Brasil consiga conviver com juros mais baixos no médio prazo. “O fiscal é fundamental tanto do ponto de vista conjuntural quanto estrutural”, afirmou Campos Neto.

Idean Alves, especialista em mercado de capitais, reforçou essa visão ao dizer que a atual situação das contas públicas se torna cada vez mais custosa para a população e para os investidores. “As commodities devem continuar fazendo preço na bolsa brasileira”, acrescentou.

Expectativas para os mercados e dados econômicos futuros

Com a escalada do conflito no Oriente Médio, os investidores permanecem em alerta. O desempenho das bolsas será monitorado de perto, assim como os dados econômicos que estão por vir. Amanhã, a produção industrial de agosto no Brasil será divulgada, enquanto na sexta-feira, o payroll nos Estados Unidos poderá influenciar as expectativas para a economia global.

Ibovespa, dólar e índice das bolsas americanas

Os índices de Wall Street também sofreram perdas, refletindo o nervosismo dos investidores em relação às consequências econômicas do aumento das tensões no Oriente Médio e da greve de trabalhadores portuários na Costa Leste e no Golfo.

NomeFechamento Variação em ptsVariação em %
🇧🇷 Bovespa132.625+678+0,51%
🇧🇷 USD/BRL5,4651+0,0182+0,33%
🇺🇸 S&P 5005.708,75-53,73-0,93%

Julia Peres

Redatora do Melhor Investimento.