As ações da Hypera (HYPE3) voltaram a chamar atenção dos investidores nesta quinta-feira (17), com uma queda superior a 3% na bolsa de valores. O motivo está diretamente ligado à possibilidade de prorrogação da patente do Ozempic, medicamento amplamente utilizado para tratamento de diabetes e perda de peso, cujo princípio ativo é a semaglutida. Essa extensão pode impactar os planos da Hypera de lançar uma versão genérica do remédio no Brasil.

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Queda das ações da Hypera com possível extensão da patente do Ozempic

Por volta das 15h (horário de Brasília), os papéis da Hypera recuavam 3,79%, negociados a R$ 26,91, chegando a registrar uma baixa diária de até 4,58%. Essa queda colocou a companhia no topo das perdas do Ibovespa, o principal índice da bolsa brasileira.

O movimento no mercado ocorre após a notícia de que a Novo Nordisk, fabricante dinamarquesa do Ozempic, protocolou um recurso no Supremo Tribunal de Justiça (STJ) buscando estender a duração da patente do medicamento. Essa possível ampliação do prazo poderia atrasar a entrada de versões genéricas no mercado, afetando diretamente as expectativas dos investidores em relação à Hypera.

Possível prorrogação da patente da semaglutida e seus impactos

A Novo Nordisk argumenta que usufruiu plenamente do registro da patente por apenas 35% do prazo previsto, o equivalente a sete anos. Com a patente atualmente prevista para expirar em 20 de março de 2026, a farmacêutica busca ampliar o período de exclusividade para proteger seus direitos sobre o medicamento.

Se o recurso for aceito, outros laboratórios, incluindo a Hypera, terão que adiar seus planos de lançar versões genéricas do Ozempic. Isso impactaria a concorrência e poderia manter o preço do medicamento elevado por mais tempo, o que é relevante tanto para o mercado quanto para os consumidores.

Planos da Hypera para lançamento do genérico e expectativas do mercado

A Hypera já havia demonstrado intenção clara de entrar no segmento de medicamentos genéricos com base na semaglutida assim que a patente da Novo Nordisk caísse. Durante a teleconferência de resultados do primeiro trimestre de 2025, o CEO Breno de Oliveira afirmou que a empresa está otimista com o lançamento previsto para o próximo ano.

De acordo com Oliveira, a expectativa é que a queda no preço dos genéricos não seja tão acentuada quanto observada em outras categorias, devido aos custos elevados de produção e à menor disponibilidade das canetas aplicadoras utilizadas para administrar o medicamento. Essa percepção mantém o otimismo dos investidores em relação ao produto.

Além disso, o CEO destacou que já existem quatro concorrentes com pedidos de registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para medicamentos similares, ainda que não haja confirmação das datas de lançamento.

Histórico judicial da disputa pela patente do Ozempic

A tentativa de prorrogar o prazo da patente do Ozempic não é novidade. A Novo Nordisk já moveu ações judiciais semelhantes anteriormente. Em dezembro de 2021, o pedido da farmacêutica foi negado em primeira e segunda instâncias.

Em julho de 2023, a empresa voltou a recorrer ao STJ, mas o recurso foi rejeitado naquele momento. No entanto, em janeiro de 2025, a Novo Nordisk protocolou um novo agravo em recurso especial para que o STJ analise novamente o tema. O processo foi autuado em abril e ainda aguarda julgamento.

Essa disputa jurídica mantém o mercado em alerta, uma vez que a decisão do STJ poderá definir o futuro da comercialização do Ozempic no Brasil e afetar diretamente os negócios da Hypera e de outros laboratórios interessados no segmento.