Henrique Blecher, que assumiu a presidência da Gafisa após a compra da incorporadora Bait, no Rio de Janeiro, por R$ 180 milhões em 2022, deixou o cargo em menos de um ano. Agora, o ex-CEO retorna ao mercado com uma nova gestora de recursos focada no setor imobiliário. 

Com o término da cláusula de não competição com a Gafisa, Blecher volta à incorporação. Desta vez em parceria com a Azo Inc., negócio imobiliário da família Vetorazzo, sócia da Aegea, que atua no setor de saneamento junto com Itaúsa e o fundo soberano GIC. 

Vale destacar que a Aegea venceu parte da concessão de saneamento no Rio de Janeiro, em um contrato de R$ 15 bilhões.

A nova parceria entre Blecher e a Azo será voltada para projetos imobiliários de alto padrão no Rio, mas ambos também poderão seguir com projetos independentes. A expectativa é lançar empreendimentos com Valor Geral de Vendas (VGV) de R$ 500 milhões em 2025. 

“Temos o mesmo DNA de fazer projetos especiais e eles têm um primor pela arquitetura. Vimos uma sinergia grande”, declarou Blecher.

Durante sua liderança na Bait, Blecher foi responsável por desenvolver projetos como um prédio no terreno da antiga clínica do renomado cirurgião plástico Ivo Pitanguy, que incluiu o restauro do casarão histórico. 

Por sua vez, a Azo adquiriu o edifício A Noite da prefeitura do Rio para fazer um retrofit no icônico prédio de 22 andares, que já abrigou a Rádio Nacional e o jornal que deu nome ao arranha-céu. O projeto tem um potencial de vendas de R$ 250 milhões.

Expansão pelo Brasil

Anteriormente chamada de QOPP, a Azo atua há 21 anos em Campinas (SP) e recentemente expandiu sua operação para o Rio de Janeiro, após a família Vetorazzo, dona da Equipav (sócia da Aegea), decidir ampliar sua presença em nível nacional. 

José de Albuquerque, CEO da Azo, explicou que a escolha pelo Rio veio após analisar e descartar 32 projetos em São Paulo. “São Paulo é um mercado pujante, mas é muito duro de fazer projetos”, explicou o executivo.

Com mais de 30 anos de experiência no setor imobiliário, incluindo passagens pela Brookfield e Valora Investimentos, Albuquerque ressaltou que, enquanto São Paulo lançou R$ 44 bilhões em projetos no ano passado, o Rio de Janeiro lançou apenas R$ 8 bilhões. 

“Montamos uma unidade de negócios no Rio e vimos alguém com sangue carioca para nos ajudar. É uma via de mão de mão dupla. Temos um grupo muito forte como controlador da Azo”, disse. 

A atuação da família Vetorazzo no saneamento do Rio, especialmente com a Aegea, também influenciou a decisão, considerando a perspectiva de projetos como a despoluição da Baía de Guanabara. 

Entre os novos empreendimentos da Azo está o desenvolvimento de 60 casas suspensas, com VGV de R$ 300 milhões, na Península, Barra da Tijuca, em parceria com a Carvalho Hosken. 

Com essa expansão para o Rio, a Azo pretende crescer significativamente, passando de R$ 340 milhões em lançamentos acumulados até 2022 para uma meta de R$ 1,5 bilhão em projetos anuais nos próximos anos.