A Eneva (ENEV3) anunciou um follow-on de até R$ 4,2 bilhões, previsto para este mês, em uma operação que visa fortalecer sua posição no mercado de geração de energia e gás natural. A iniciativa faz parte de um acordo estabelecido com o BTG Pactual (BPAC11), que detém a maior parte das ações da empresa. Esta movimentação promete não apenas expandir as operações da Eneva, mas também proporcionar um impacto significativo na capacidade de geração elétrica no Brasil.

O follow-on da Eneva será realizado ainda neste mês, com a expectativa de precificação das novas ações na primeira quinzena de outubro. O fechamento da operação está programado para o final de outubro. O CEO da Eneva, Lino Cançado, confirmou que a operação incluirá a aquisição de usinas termelétricas atualmente pertencentes ao BTG Pactual, tornando a Eneva a plataforma de geração de energia do banco.

A operação foi definida como essencial para o futuro da empresa, pois permitirá que a Eneva amplie seus investimentos e explore novas oportunidades de aquisição. “Os documentos da transação e de aquisição do portfólio de térmicas já estão todos assinados e, agora, a última condição precedente é o follow-on”, destacou Cançado em um congresso de óleo e gás.

Os acionistas da Eneva, incluindo BTG Pactual (23,3%), Cambuhy Investimentos (20%) e Partners Alpha (15%), terão prioridade na subscrição das novas ações. Este direito de preferência assegura que os acionistas existentes possam manter sua participação na companhia, refletindo a confiança na estratégia de crescimento que a Eneva está adotando.

Essa decisão também destaca a intenção da Eneva de solidificar sua base acionária e assegurar que seus principais investidores permaneçam comprometidos com os planos futuros da empresa. O acompanhamento próximo dos acionistas é fundamental, especialmente em um setor tão dinâmico como o de energia.

Com a aquisição das usinas termelétricas, a Eneva se posiciona de maneira competitiva para participar do leilão de reserva de capacidade, que está sendo preparado pelo governo brasileiro. Essa licitação tem o potencial de oferecer contratos significativos que permitirão à Eneva expandir sua capacidade de geração, especialmente na termelétrica Celse, em Sergipe. Além disso, a empresa planeja recontratar as térmicas Parnaíba I e Parnaíba III, cujos contratos expiram no final de 2027.

A necessidade urgente de potenciais aditivos no sistema elétrico é um fator essencial. O Brasil enfrenta uma severa seca, que prejudica a geração hidrelétrica e aumenta os custos para os consumidores. O diretor de Marketing e Novos Negócios da Eneva, Marcelo Cruz Lopes, afirmou que a empresa está pronta para atender a essa demanda, destacando que seu parque térmico de Parnaíba já está em operação e que a térmica Celse estará disponível em breve, caso seja acionada.

A indefinição em relação à data do leilão de reserva de capacidade pode ter sérias implicações para o futuro do setor elétrico no Brasil. Cançado advertiu que, sem um cronograma claro, o país pode enfrentar dificuldades para atender à crescente demanda por energia, especialmente a partir de 2028. Ele enfatizou que, para que uma nova térmica comece a operar em 1º de janeiro de 2028, o leilão precisa ser realizado ainda este ano, considerando que a implementação de novos projetos requer tempo e planejamento.

“Se tiver um leilão no final do ano, para uma térmica entrar em 1º de janeiro de 2028, só temos três anos. Três anos já está no limite do que é necessário para colocar um projeto, considerando que você já tenha contrato com fornecedores de equipamentos, licença ambiental pronta e acesso ao financiamento”, ressaltou Cançado.

Julia Peres

Redatora do Melhor Investimento.