Dívida global bate recorde e chega a US$ 337,7 trilhões, alerta IIF

O crescimento é impulsionado por políticas monetárias acomodatícias, dólar mais fraco e aumento do endividamento em países como EUA, China, França e Japão.

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Última atualização:  25 de set, 2025 às 16:32
Pessoa trocando uma nota de cem dólares, destaque para a nota com o rosto de Benjamin Franklin, simbolizando dinheiro e valor econômico. Foto: jcomp/Freepik

A dívida global atingiu um novo patamar histórico, chegando a US$ 337,7 trilhões ao final do segundo trimestre de 2025, segundo o Instituto de Finanças Internacionais (IIF). O crescimento de mais de US$ 21 trilhões nos primeiros seis meses do ano evidencia os desafios fiscais enfrentados por países desenvolvidos e emergentes, pressionados por políticas monetárias acomodativas, dólar mais fraco e aumento do endividamento governamental.

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Crescimento recorde impulsionado por fatores globais

O relatório trimestral do IIF aponta que a aceleração da dívida global está ligada à flexibilização das condições financeiras, à desvalorização do dólar e à postura de estímulo econômico adotada por bancos centrais ao redor do mundo. De acordo com a análise, o aumento registrado em 2025 é comparável ao crescimento observado durante a pandemia de Covid-19, quando os pacotes de estímulo fiscal resultaram em um salto sem precedentes nos níveis de endividamento.

Entre os países que mais registraram crescimento em dívida em dólares estão China, França, Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido e Japão. Parte desse aumento, no entanto, está associada à desvalorização do dólar, que eleva automaticamente a dívida expressa na moeda norte-americana.

Relação dívida/PIB e mercados emergentes

Embora a dívida global esteja em níveis recordes, a relação dívida/PIB — indicador que compara a dívida total com a produção econômica — apresenta uma queda gradual, situando-se pouco acima de 324%. No entanto, nos mercados emergentes, essa relação atingiu 242,4%, também um recorde, após revisão dos dados no relatório anterior.

O IIF destaca que a dívida total em mercados emergentes cresceu US$ 3,4 trilhões no segundo trimestre, ultrapassando US$ 109 trilhões. Países como Chile e China lideraram o aumento da dívida pública, enquanto outros, como Irlanda, Japão e Noruega, apresentaram queda na relação dívida/PIB.

Pressões no mercado de títulos

O cenário da dívida global também traz preocupações para investidores. Os mercados emergentes enfrentam resgates de títulos e empréstimos que somam quase US$ 3,2 trilhões no restante de 2025, elevando o risco de tensões fiscais. O IIF alerta que países como Japão, Alemanha e França podem ter suas finanças sob maior pressão, enquanto investidores conhecidos como “vigilantes de títulos” monitoram de perto a sustentabilidade das dívidas públicas.

Apesar do aumento da dívida nos mercados emergentes, a reação mais intensa do mercado foi observada nos países desenvolvidos neste ano, refletindo maior sensibilidade dos investidores a riscos fiscais.

Dívida de curto prazo nos Estados Unidos

O relatório do IIF também destaca a situação nos Estados Unidos, onde os empréstimos de curto prazo representam cerca de 20% da dívida total do governo e 80% das emissões do Tesouro. Essa dependência crescente pode gerar pressões políticas para que os bancos centrais mantenham taxas de juros baixas, afetando a independência da política monetária.

O crescimento da dívida de curto prazo nos EUA evidencia a necessidade de cautela no planejamento fiscal e monetário, uma vez que a estabilidade econômica depende do equilíbrio entre endividamento e capacidade de pagamento.

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