Dívida bruta do governo geral atinge 76,2% do PIB em fevereiro
A Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG) do Brasil subiu para 76,2% do PIB em fevereiro de 2025, um aumento de 0,5 pontos percentuais em relação a janeiro.

Em fevereiro de 2025, a Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG) do Brasil, indicador crucial para a saúde fiscal do país, subiu para 76,2% do Produto Interno Bruto (PIB), um aumento de 0,5 pontos percentuais em relação ao mês anterior, quando estava em 75,7%. Este crescimento representa uma elevação de R$ 105 bilhões, com a dívida alcançando o montante de R$ 9,045 trilhões. O Banco Central divulgou os números em seu mais recente Relatório de Política Monetária (RPM), revelando que a dívida segue uma trajetória ascendente, com implicações para a avaliação da solvência do Brasil pelas agências de risco.
O que implica o aumento da dívida bruta?
A Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG) é composta pelas dívidas do governo federal, dos estados e dos municípios, excluindo o Banco Central e as empresas estatais. Essa dívida é um dos principais indicadores usados pelas agências de classificação de risco para avaliar a capacidade de solvência do país. Quando a relação dívida/PIB sobe, o risco de calote aumenta, o que pode levar a uma piora na nota de crédito do Brasil e, consequentemente, afetar a percepção internacional sobre a capacidade do país de honrar seus compromissos financeiros.
A metodologia do FMI e suas implicações
Em seu relatório, o Banco Central também anunciou a adoção da metodologia do Fundo Monetário Internacional (FMI) para o cálculo da DBGG, ajustando o indicador de acordo com padrões internacionais. Com base nesse conceito, a dívida bruta passou de 87,1% para 88,7% do PIB, mostrando um crescimento mais acentuado no comparativo.
Essa mudança na metodologia tem impacto direto sobre a análise da sustentabilidade fiscal do Brasil. Ao incorporar as normas do FMI, o Banco Central busca alinhar os números a um padrão amplamente aceito por analistas e investidores internacionais. Para entender a magnitude desse aumento, é importante ressaltar que o pico histórico da DBGG foi registrado em dezembro de 2020, quando atingiu 87,6% do PIB, devido às medidas fiscais adotadas para enfrentar a pandemia de COVID-19.
O histórico da dívida bruta
O histórico da Dívida Bruta do Governo Geral mostra que a trajetória de crescimento não é nova, mas os números atuais estão longe de representar os melhores momentos da economia brasileira. Em dezembro de 2013, a dívida bruta alcançou seu menor valor em relação ao PIB, com 51,5%. A partir de 2014, o índice começou a subir, refletindo a desaceleração econômica e o aumento dos gastos públicos, especialmente em períodos de crise.
Em 2020, com a crise gerada pela pandemia, o governo brasileiro adotou medidas fiscais agressivas para proteger a economia, o que resultou em um aumento substancial na dívida. No entanto, apesar das dificuldades fiscais, a recuperação econômica nos últimos anos trouxe uma desaceleração no crescimento da dívida, embora o patamar atual de 76,2% do PIB ainda seja considerado elevado.
O impacto no risco Brasil
Uma das principais preocupações das agências de rating e dos investidores é a sustentabilidade da dívida pública. O aumento da DBGG pode levar a uma maior percepção de risco, especialmente em um cenário de incertezas econômicas, como as que o Brasil enfrenta atualmente. Isso pode se refletir em taxas de juros mais altas, tanto para o governo quanto para as empresas privadas, o que encarece o crédito e dificulta o crescimento econômico.
Em outras palavras, quanto maior a dívida do governo, maior o risco de calote, o que pode prejudicar a confiança dos investidores e afetar diretamente a economia nacional. As agências de classificação de risco, como Moody’s, Standard & Poor’s e Fitch, monitoram de perto esses indicadores e podem ajustar suas previsões e ratings para o Brasil com base no comportamento da dívida pública.
O aumento da Dívida Líquida do Setor Público (DLSP)
Além da DBGG, a Dívida Líquida do Setor Público (DLSP), que leva em consideração as reservas internacionais do Brasil, também teve alta. Em fevereiro, a DLSP atingiu 61,4% do PIB, comparado com 61,1% em janeiro. Este aumento é mais um reflexo da pressão fiscal enfrentada pelo país, embora a DLSP tenha um impacto menor nas percepções internacionais, devido ao fato de que as reservas internacionais ajudam a mitigar o risco de endividamento do país.