No ano de 2022, as finanças públicas brasileiras foram marcadas por um aumento significativo na necessidade de financiamento líquido do governo geral, atingindo R$ 380,8 bilhões. Isso representou um aumento de 89,0% em relação a 2021, impulsionado pelo crescimento de 20,4% nas despesas totais, enquanto as receitas aumentaram em 16,6%. Os dados foram divulgados pelo IBGE na sexta-feira, 24 de novembro.

O comportamento das receitas foi influenciado positivamente pelo crescimento de vários componentes, como a arrecadação de impostos (13,0%), contribuições sociais (13,7%), e outras receitas (36,0%). Apenas os impostos sobre o comércio e transações internacionais apresentaram queda (-4,8%), explicada pela redução da taxa de câmbio e da alíquota efetiva do imposto de importação.

Dentre as outras fontes de receita, destacam-se as rendas patrimoniais, que cresceram 49,2%. Isso se deveu ao aumento nas receitas com juros (42,9%), dividendos (88,9%), e receitas de concessões (43,8%), impulsionadas pela privatização da Eletrobras e recursos da exploração de petróleo.

Exceto por transferências e doações, todas as categorias de despesa apresentaram aumento, contribuindo para o aumento da necessidade de financiamento líquida. Benefícios previdenciários e assistenciais (15,1%), remunerações (13,6%), juros (32,6%), e uso de bens e serviços (22,4%) foram os itens de maior peso nas despesas, com aumentos expressivos.

Destaque para o crescimento dos gastos sociais

O crescimento das despesas com benefícios previdenciários e assistenciais foi impulsionado pelos gastos com auxílios financeiros a pessoas físicas e famílias, especialmente devido à implementação do Programa Auxílio Brasil e auxílios a transportadores autônomos e motoristas de táxi, resultando em um aumento de 31,0% em 2022.

Em 2022, o valor adicionado do governo apresentou variação positiva em todas as esferas, mas a esfera federal perdeu participação, enquanto estados e municípios ampliaram as suas. Estados passaram de 35,6% para 36,8%, e municípios de 34,4% para 35,9%, enquanto o governo federal caiu de 30,0% para 27,3%.

A formação bruta de capital fixo (FBCF), captada na Conta Intermediária de Governo, cresceu 65,2% em 2022, impulsionada pelo aumento dos investimentos dos governos estaduais (83,3%) e municipais (72,3%). O governo federal reverteu a trajetória de reduções anteriores e apresentou um aumento de 8,6%, resultado da ampliação das receitas de estados e municípios.