A crise no Canal de Suez está sacudindo as bases do comércio global, com impactos que reverberam em todo o mundo. Os recentes ataques a navios comerciais nas proximidades do Iêmen desencadearam uma série de consequências, desde atrasos nas entregas até o aumento dos custos de seguro e frete. 

Nos primeiros meses deste ano, o tráfego pelo Canal de Suez registrou uma queda de 50%, de acordo com dados do FMI, devido aos ataques coordenados dos houthis a navios comerciais. Essa interrupção causou não apenas atrasos nas entregas, mas também um aumento significativo nos custos de seguro e frete marítimo internacional.

O Joint War Committee (JWC) expandiu a “zona de alto risco” no Mar Vermelho, levando as seguradoras a aumentar os prêmios de seguro para as embarcações que transitam pela área. Além disso, o desvio de rotas para evitar áreas de risco, como o Mar Vermelho, está aumentando os custos operacionais para as empresas de transporte, o que por sua vez é repassado aos consumidores.

Com a interrupção parcial do tráfego no Canal de Suez, muitas empresas estão optando por desviar suas rotas e passar pelo Cabo da Boa Esperança, na África do Sul. Isso acrescenta tempo e custos adicionais às viagens, impactando ainda mais os custos de seguro e de transporte. Essa mudança também está afetando as cadeias de suprimentos globais, com algumas empresas enfrentando escassez de suprimentos e insumos.

A Crise no canal de Suez e o Impacto no Brasil

O Canal de Suez é uma via navegável artificial localizada no Egito, que conecta o Mar Mediterrâneo ao Mar Vermelho. Ele foi inaugurado em 1869 e é uma das rotas marítimas mais importantes do mundo, facilitando o comércio internacional ao encurtar significativamente o tempo e a distância necessários para as viagens entre a Europa e as regiões da Ásia e da África Oriental.

O bloqueio do Canal de Suez terá impacto significativo no Brasil, especialmente para empresas que dependem do comércio marítimo internacional. Cerca de 9% de toda a carga brasileira de contêineres passa por esse canal, incluindo importantes setores como o de contêineres refrigerados, que transportam produtos como carnes e frutas. Empresas brasileiras que dependem das exportações para o Oriente Médio, como no segmento de carnes, serão particularmente afetadas. Além disso, o bloqueio pode criar dificuldades na reposição de estoques no Brasil, pressionando ainda mais os preços dos fretes marítimos.

Julia Peres

Redatora do Melhor Investimento.