O tarifazo de Trump impôs barreiras comerciais significativas ao Brasil, impactando setores-chave da economia. Para mitigar os efeitos dessas tarifas, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) avalia a realocação de R$ 30 bilhões do Fundo de Garantia à Exportação (FGE).

O Que é o Tarifazo de Trump e Quando Entrou em Vigor

O tarifazo de Trump refere-se à imposição de tarifas adicionais sobre produtos importados pelos Estados Unidos, com o objetivo declarado de proteger a indústria nacional americana e reduzir o déficit comercial do país. No caso do Brasil, essas tarifas foram ampliadas ao longo de 2025, culminando em uma elevação para 50% sobre uma série de produtos brasileiros a partir de 6 de agosto de 2025.

Segundo Nogarotto, assessor de investimentos da filial de Santo André da InvestSmart.XP essa escalada tarifária ocorreu após o governo americano anunciar, em março, um plano de tarifas “recíprocas”, que buscava igualar as taxas impostas por outros países aos produtos americanos. O Brasil, por sua vez, passou a ser alvo dessas retaliações, principalmente em setores ligados à indústria e ao agronegócio.

Setores Brasileiros Mais Impactados pelo Tarifazo de Trump

Embora cerca de 13% das exportações brasileiras sejam diretamente afetadas pelo tarifazo de Trump, a concentração do impacto em segmentos específicos tem causado preocupações significativas.

Antonio Nogarotto destaca que o setor calçadista, que representa aproximadamente 2% do PIB da indústria de transformação e emprega cerca de 280 mil trabalhadores, é um dos mais vulneráveis, projetando perda expressiva de empregos e fechamento de fábricas. O agronegócio, que pode representar até 29,4% do PIB brasileiro em 2025, enfrenta riscos especialmente em exportações de café, carne e frutas, com perdas estimadas de até US$ 5,8 bilhões em vendas para os EUA.

Apesar disso, quase 700 produtos foram isentos das tarifas adicionais, incluindo alimentos básicos, combustíveis, aviões da Embraer, petróleo, celulose e suco de laranja, o que ajuda a reduzir o impacto total, mas não elimina a pressão sobre outros setores essenciais.

O Papel do Fundo de Garantia à Exportação (FGE) e a Proposta de Realocação

O Fundo de Garantia à Exportação (FGE), gerido pelo BNDES, é um mecanismo vital para a segurança das operações comerciais brasileiras no exterior. Ele oferece cobertura contra riscos comerciais, políticos e extraordinários, facilitando o acesso das empresas brasileiras a linhas de crédito para exportação.

Diante do tarifazo de Trump, Nogarotto ressalta que a proposta de realocar R$ 30 bilhões do FGE surge como uma medida emergencial para garantir liquidez e condições de financiamento diferenciadas às empresas afetadas. O BNDES pretende criar linhas de crédito com juros subsidiados e prazos estendidos, focando nos setores mais atingidos e não isentos das tarifas.

Essa estratégia busca não apenas minimizar os impactos financeiros imediatos, mas também incentivar a diversificação dos mercados e o investimento em inovação, fortalecendo a capacidade competitiva das empresas brasileiras.

Análise Econômica: Por Que a Realocação do FGE é Crucial

Embora o percentual total das exportações afetadas pareça moderado, Antonio Nogarotto enfatiza que a concentração do impacto nos setores calçadista e agropecuário pode gerar desequilíbrios econômicos significativos. Para essas áreas, a realocação do FGE não é somente uma resposta emergencial, mas uma estratégia para adaptação e reestruturação do comércio exterior brasileiro.

Ao oferecer crédito mais acessível, o BNDES pode ajudar as empresas a diversificarem suas bases de clientes, reduzindo a dependência do mercado americano e estimulando o desenvolvimento tecnológico nacional. Essa ação é fundamental para evitar perda de empregos, manter os investimentos e fortalecer as cadeias produtivas internas.

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