BNDES libera R$ 30 bi para salvar exportadores do tarifazo de Trump
O BNDES propõe realocar R$ 30 bilhões do Fundo de Garantia à Exportação (FGE) para oferecer linhas de crédito especiais a empresas brasileiras impactadas pelo tarifazo de Trump, que impôs tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros nos EUA.

O tarifazo de Trump impôs barreiras comerciais significativas ao Brasil, impactando setores-chave da economia. Para mitigar os efeitos dessas tarifas, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) avalia a realocação de R$ 30 bilhões do Fundo de Garantia à Exportação (FGE).
O Que é o Tarifazo de Trump e Quando Entrou em Vigor
O tarifazo de Trump refere-se à imposição de tarifas adicionais sobre produtos importados pelos Estados Unidos, com o objetivo declarado de proteger a indústria nacional americana e reduzir o déficit comercial do país. No caso do Brasil, essas tarifas foram ampliadas ao longo de 2025, culminando em uma elevação para 50% sobre uma série de produtos brasileiros a partir de 6 de agosto de 2025.
Segundo Nogarotto, assessor de investimentos da filial de Santo André da InvestSmart.XP essa escalada tarifária ocorreu após o governo americano anunciar, em março, um plano de tarifas “recíprocas”, que buscava igualar as taxas impostas por outros países aos produtos americanos. O Brasil, por sua vez, passou a ser alvo dessas retaliações, principalmente em setores ligados à indústria e ao agronegócio.
Setores Brasileiros Mais Impactados pelo Tarifazo de Trump
Embora cerca de 13% das exportações brasileiras sejam diretamente afetadas pelo tarifazo de Trump, a concentração do impacto em segmentos específicos tem causado preocupações significativas.
Antonio Nogarotto destaca que o setor calçadista, que representa aproximadamente 2% do PIB da indústria de transformação e emprega cerca de 280 mil trabalhadores, é um dos mais vulneráveis, projetando perda expressiva de empregos e fechamento de fábricas. O agronegócio, que pode representar até 29,4% do PIB brasileiro em 2025, enfrenta riscos especialmente em exportações de café, carne e frutas, com perdas estimadas de até US$ 5,8 bilhões em vendas para os EUA.
Apesar disso, quase 700 produtos foram isentos das tarifas adicionais, incluindo alimentos básicos, combustíveis, aviões da Embraer, petróleo, celulose e suco de laranja, o que ajuda a reduzir o impacto total, mas não elimina a pressão sobre outros setores essenciais.
O Papel do Fundo de Garantia à Exportação (FGE) e a Proposta de Realocação
O Fundo de Garantia à Exportação (FGE), gerido pelo BNDES, é um mecanismo vital para a segurança das operações comerciais brasileiras no exterior. Ele oferece cobertura contra riscos comerciais, políticos e extraordinários, facilitando o acesso das empresas brasileiras a linhas de crédito para exportação.
Diante do tarifazo de Trump, Nogarotto ressalta que a proposta de realocar R$ 30 bilhões do FGE surge como uma medida emergencial para garantir liquidez e condições de financiamento diferenciadas às empresas afetadas. O BNDES pretende criar linhas de crédito com juros subsidiados e prazos estendidos, focando nos setores mais atingidos e não isentos das tarifas.
Essa estratégia busca não apenas minimizar os impactos financeiros imediatos, mas também incentivar a diversificação dos mercados e o investimento em inovação, fortalecendo a capacidade competitiva das empresas brasileiras.
Análise Econômica: Por Que a Realocação do FGE é Crucial
Embora o percentual total das exportações afetadas pareça moderado, Antonio Nogarotto enfatiza que a concentração do impacto nos setores calçadista e agropecuário pode gerar desequilíbrios econômicos significativos. Para essas áreas, a realocação do FGE não é somente uma resposta emergencial, mas uma estratégia para adaptação e reestruturação do comércio exterior brasileiro.
Ao oferecer crédito mais acessível, o BNDES pode ajudar as empresas a diversificarem suas bases de clientes, reduzindo a dependência do mercado americano e estimulando o desenvolvimento tecnológico nacional. Essa ação é fundamental para evitar perda de empregos, manter os investimentos e fortalecer as cadeias produtivas internas.
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