A recente divulgação dos resultados financeiros da Heineken trouxe à tona uma preocupação crescente sobre a competitividade no setor de bebidas no Brasil, afetando diretamente as expectativas em relação à Ambev (ABEV3). Com um crescimento de 3,3% nas receitas consolidadas, a Heineken se destaca em um mercado onde a Ambev também busca expandir suas operações. Este cenário competitivo levanta questões importantes sobre as estratégias comerciais e a sustentabilidade do desempenho da Ambev no futuro.

Na quarta-feira, 23 de outubro de 2024, a Heineken anunciou seus resultados financeiros do terceiro trimestre, destacando um crescimento de 3,3% nas receitas consolidadas em comparação com o mesmo período do ano anterior. No Brasil, as receitas orgânicas cresceram na casa de um dígito médio, enquanto os volumes de cerveja aumentaram na casa de um dígito baixo. Esses números sugerem que a Heineken está mantendo uma posição forte em um mercado competitivo, o que pode influenciar diretamente a performance da Ambev.

O Bradesco BBI comentou que os resultados da Heineken estão bastante alinhados com suas previsões para a Ambev, que também deve registrar um crescimento de receita na mesma faixa. Essa correlação é relevante, pois mostra que o mercado está reagindo de maneira semelhante às estratégias de ambas as empresas.

Os analistas do setor têm se questionado sobre o impacto que a estratégia comercial mais agressiva da Petrópolis, que está passando por recuperação judicial, pode ter na Ambev. Essa pressão competitiva pode levar a um cenário desafiador para a Ambev, especialmente em relação às suas margens de lucro. Embora os dados da Heineken não tenham alterado as expectativas de lucros da Ambev para o 3T24, a crescente rivalidade no mercado pode resultar em margens de lucro mais apertadas.

De acordo com o Bradesco BBI, os ganhos de participação de mercado da Heineken parecem estar ocorrendo à custa do portfólio econômico da empresa, e não do segmento mainstream, onde a Ambev se destaca. Isso indica que a competição está se intensificando, especialmente em categorias de preços mais baixos, onde a Ambev possui uma forte presença.

Embora a Heineken esteja se concentrando em produtos premium e mainstream, os analistas notam que a “premiumização” não tem se traduzido em um aumento significativo no crescimento do preço médio. Essa realidade sugere que o mercado pode estar saturado, limitando a capacidade das empresas de elevar preços sem afetar a demanda.