Crédito do BNDES ao setor automotivo em 2024 alcança R$ 3,6 bilhões: o maior volume desde 2016
Em 2024, o BNDES aprovou R$ 3,6 bilhões em crédito para o setor automotivo, o maior valor desde 2016, incentivando o crescimento da produção de veículos e impulsionando a transição para modelos híbridos e elétricos.

O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) aprovou em 2024 um total de R$ 3,6 bilhões em crédito destinado ao setor automotivo, estabelecendo um marco importante ao atingir o maior volume desde 2016. Esse montante reflete uma política de fomento ao setor que, em combinação com outras iniciativas de incentivo à inovação e à sustentabilidade, está ajudando a fortalecer a indústria automotiva brasileira em um ano de recuperação econômica.
Aprovado o maior volume de crédito ao setor automotivo desde 2016
O valor aprovado pelo BNDES representa um aumento significativo em relação aos anos anteriores. O crédito foi direcionado a montadoras e empresas de autopeças, com R$ 3,1 bilhões destinados às montadoras e R$ 2,2 bilhões para o fornecimento de autopeças. Esse conjunto de políticas reflete um apoio contínuo ao setor, que, nos últimos dois anos, recebeu R$ 5,4 bilhões em aprovações de crédito.
Esses números superam em 10,2% os R$ 4,9 bilhões aprovados durante o governo de Jair Bolsonaro (2019-2022). De acordo com o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, o crescimento do crédito ao setor se deve a uma série de políticas públicas, entre elas a Nova Indústria Brasil e o programa Mover, que visa à inovação e à descarbonização da frota. Mercadante ressalta que esses programas não apenas estimulam a produção de veículos híbridos e elétricos, mas também favorecem a transição energética do Brasil.
O impacto do crédito nas produções e vendas de veículos
Com o impulso do crédito, as montadoras brasileiras conseguiram atingir 2,55 milhões de veículos produzidos em 2024, representando um crescimento de 9,7% em relação ao ano anterior. Esse desempenho permitiu que o Brasil recuperasse a oitava posição no ranking mundial de maiores produtores de veículos, superando a Espanha. Apesar desse avanço, o número ainda está abaixo do pico de 2,9 milhões de veículos alcançado antes da pandemia, em 2018 e 2019.
No mercado de vendas, o Brasil registrou uma marca histórica de 14,2 milhões de veículos comercializados, somando novos e usados. Esse desempenho reflete a recuperação do setor, que teve um aumento de 14,2% nas vendas em relação a 2023. O bom desempenho no setor automotivo foi impulsionado pela redução das taxas de juros, o que facilitou a obtenção de crédito pelos consumidores e ajudou a expandir as vendas no mercado interno.
Desafios e perspectivas para 2025
Embora 2024 tenha sido um ano positivo para a indústria automotiva, os desafios não estão descartados para 2025. Um dos principais obstáculos é a alta nas importações, que resultou em um déficit na balança comercial do setor. Além disso, a expectativa de manutenção ou aumento das taxas de juros pode afetar negativamente o mercado de veículos, tornando o crédito mais caro e, consequentemente, desacelerando o crescimento das vendas.
Rafael Cagnin, economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), destaca que o crescimento do setor está intimamente ligado ao ciclo de queda das taxas de juros, o que ajudou o consumidor a adquirir novos veículos. No entanto, ele alerta que a alta dos juros pode impactar diretamente a demanda no próximo ano, dificultando o acesso ao crédito e desacelerando as vendas. Além disso, as incertezas econômicas, tanto internas quanto externas, exigem uma atenção especial.
A estratégia de iInovação e sustentabilidade no setor automotivo
A atuação do BNDES no apoio à indústria automotiva não se limita apenas ao financiamento da produção de veículos. O banco está comprometido com a transição energética do setor, incentivando a produção de carros híbridos e elétricos por meio de programas de incentivo como o Mover. Esses programas, que somam mais de R$ 130 bilhões em investimentos anunciados pelas empresas do setor, têm como objetivo reduzir as emissões de gases poluentes e promover a sustentabilidade.
Mercadante ressaltou que a descarbonização do setor automotivo é uma prioridade para o governo, e o BNDES está desempenhando um papel crucial nesse processo. Além de incentivar a inovação tecnológica, o banco está ajudando a criar uma cadeia produtiva mais verde e eficiente, alinhando o Brasil com as metas globais de sustentabilidade.