A confiança do comércio no Brasil registrou um crescimento de 0,6 ponto na passagem de novembro para dezembro, atingindo 93,3 pontos, conforme revelou a Fundação Getulio Vargas (FGV) nesta sexta-feira, 27. Embora o aumento tenha sido modesto, o resultado reflete um cenário de recuperação no setor, impulsionado por um mercado de trabalho aquecido e a melhoria na renda das famílias. No entanto, as expectativas para o futuro seguem em baixa, principalmente em relação a fatores como o cenário fiscal, o câmbio e a taxa básica de juros, que continuam a gerar incertezas.

Análise do desempenho atual e das expectativas para o comércio

Em 2024, o desempenho da confiança do comércio apresenta uma recuperação visível, embora as expectativas para o próximo ano ainda preocupem os empresários. O Índice de Confiança do Comércio (Icom) foi impulsionado, principalmente, pelo aumento das avaliações sobre o momento atual, o que demonstra otimismo sobre o presente. Porém, as expectativas para o futuro não acompanharem o mesmo ritmo de crescimento.

O Índice de Situação Atual (ISA-COM), que mede as condições presentes do setor, subiu 5,0 pontos em dezembro, atingindo 99,9 pontos. Esse é o maior nível registrado desde março de 2020, refletindo uma melhoria nas avaliações sobre o volume de demanda atual e a situação dos negócios. Esse avanço foi impulsionado pela recuperação da economia, o que tem refletido positivamente no comércio.

No entanto, o Índice de Expectativas (IE-COM) caiu 3,5 pontos, fechando o mês em 87,2 pontos. Essa queda foi influenciada por uma visão mais negativa sobre os próximos seis meses, com uma diminuição de 7,2 pontos nas perspectivas sobre a tendência dos negócios. Embora as perspectivas de vendas nos próximos três meses tenham registrado uma leve alta, o cenário de incertezas sobre a economia para 2025 prejudica o otimismo dos empresários.

O impacto da economia de 2024 na confiança do comércio

O ano de 2024 tem sido caracterizado por um cenário relativamente mais favorável para o comércio, principalmente devido ao mercado de trabalho aquecido e a melhora na renda das famílias, que impulsionaram a confiança no momento atual. Contudo, o ano ainda termina com expectativas em queda em relação ao mesmo período de 2023, refletindo as incertezas econômicas que persistem, especialmente no que tange a fatores como o câmbio, a taxa de juros e o cenário fiscal.

A FGV observa que a confiança do comércio no Brasil encerrou o quarto trimestre com um aumento de 1,6 ponto em comparação com o trimestre anterior. Embora os dados do ano mostrem uma melhora consistente, foi no terceiro trimestre que o indicador apresentou uma queda. Essa oscilação nas expectativas é um reflexo das dúvidas sobre os fatores econômicos que impactam diretamente o setor varejista.

A situação do varejo em 2024

Apesar da melhoria nas condições do comércio, as expectativas sobre o futuro ainda são sombrias. A avaliação sobre o cenário de 2025 continua sendo um desafio para os empresários, especialmente devido à incerteza em torno da economia global e doméstica. As perspectivas de vendas nos próximos três meses são ligeiramente mais otimistas, mas o cenário para os próximos seis meses ainda gera preocupações.

A pesquisa revela que, entre os principais segmentos do setor, houve alta em dois deles, com destaque para a melhora nas avaliações sobre o momento presente. O aumento de 7,5 pontos nas avaliações sobre a situação dos negócios, que atingiram 101,7 pontos, reflete um otimismo sobre o futuro imediato, mas a diminuição nas expectativas de longo prazo sugere uma cautela em relação ao ano que vem.