A recente alteração nos preços dos combustíveis da Petrobras (PETR3; PETR4) promete contribuir para a desinflação nos próximos meses. No entanto, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, continua pedindo paciência ao avaliar a desaceleração dos preços e o futuro da taxa básica de juros, a Selic.

“O processo de redução da inflação deve prosseguir, mas de forma não linear. Os núcleos de inflação estão mais resistentes devido à propagação da inflação entre os setores e às pressões subjacentes ainda fortes em componentes mais rígidos, como os serviços”, afirmou Campos Neto ontem, durante a Conferência Anual do Banco Central.

O presidente da autoridade monetária ressaltou que o arrefecimento da inflação é uma prova de que a política monetária tem apresentado resultados. No entanto, mesmo com os números avançando, “ainda enfrentamos desafios para consolidar a redução da inflação no Brasil” e a velocidade desse processo tende a ser mais lenta nessa segunda fase.

Impacto dos combustíveis na desinflação

Ontem (18) a Petrobras implementou reduções nos preços da gasolina, do diesel e do gás de cozinha (GLP) em suas distribuidoras.

O preço do litro do diesel A nas distribuidoras foi reduzido de R$ 3,46 para R$ 3,02, representando uma queda de R$ 0,44, ou 12,71%. Já o preço do litro da gasolina A ficou R$ 0,40 mais baixo, com uma redução de 12,57%, passando de R$ 3,18 para R$ 2,78.

Além disso, o valor do botijão de gás diminuiu de R$ 3,2256 para R$ 2,5356 por quilo, o que corresponde a R$ 32,96 por botijão de 13 kg.

A mudança nos preços foi anunciada após a Petrobras informar que deixará de adotar a política de preço de paridade de importação (conhecida como PPI) e que vai implementar uma nova estratégia comercial para a definição dos preços.

Durante uma coletiva de imprensa realizada na manhã desta quinta-feira (18), o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou que a nova política de preços da Petrobras contribuirá para o combate à inflação no Brasil. No entanto, os economistas ressaltam que ainda é cedo para determinar qual será o impacto dessa nova política de preços.

Segundo cálculos do economista André Braz, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), em entrevista ao jornal O Globo, a queda nos preços da gasolina e do diesel terá um impacto de aproximadamente -0,27 ponto percentual na inflação em maio e outros -0,27 ponto percentual em junho.

Por outro lado, é possível que a recente redução nos preços tenha reflexos no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) nos próximos meses.

É importante destacar que a gasolina possui um peso maior no orçamento das famílias brasileiras. No entanto, a redução nos preços do diesel tende a afetar os preços de outros produtos devido ao transporte de mercadorias.

Quanto à queda no preço do botijão de gás, espera-se uma redução de 0,07 ponto percentual no IPCA de maio e mais 0,07 ponto percentual no de junho.

Equipe MI

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