As gigantes do setor educacional brasileiro, Cogna (COGN3) e Yduqs (YDUQ3), decidiram reabrir as discussões sobre uma possível fusão, uma reavaliação que ocorre após anos de uma tentativa anterior que não obteve sucesso. Essa movimentação pode indicar uma nova era para o mercado de educação no Brasil, levando em conta a importância estratégica de uma união entre as duas instituições. Neste artigo, vamos explorar os detalhes dessa negociação, os desafios envolvidos e o impacto que uma fusão pode ter no setor educacional.

A reabertura das conversas entre Cogna e Yduqs foi noticiada pelo jornal *Valor Econômico*, que destacou que, embora não haja nada formalizado até o momento, as duas companhias estão explorando a possibilidade de unir forças. A fusão entre essas duas gigantes da educação poderia criar uma das maiores instituições de ensino superior do Brasil, consolidando ainda mais suas posições no mercado. 

O contexto dessa nova negociação remonta a 2017, quando o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) bloqueou a fusão proposta entre a Kroton (agora Cogna) e a Estácio (atualmente Yduqs). Naquela ocasião, a fusão teria resultado na formação de uma instituição educacional dominante no Brasil. No entanto, o Cade alegou preocupações com a concorrência no setor, resultando no fim das negociações.

A atual reabertura das discussões, portanto, representa uma nova tentativa de juntar as forças de duas das principais instituições de ensino superior do país. Mas quais são os fatores que impulsionam essa nova conversa?

Um dos principais desafios que surgiram durante as negociações é a inclusão dos ativos de educação básica da Cogna. A empresa deseja integrar esses ativos à fusão, mas a Yduqs não parece interessada em adquiri-los. Essa diferença de visão pode complicar a combinação, pois as duas empresas têm tamanhos semelhantes no mercado. A exclusão das unidades de educação básica poderia deixar a Cogna em desvantagem na fusão, criando uma situação delicada nas negociações.

Para entender melhor as implicações dessa fusão, é importante observar o desempenho financeiro de ambas as empresas. Em 2023, a Cogna reportou uma receita líquida de aproximadamente R$ 6 bilhões, com um EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de R$ 1,8 bilhão. Em comparação, a Yduqs registrou uma receita de R$ 5,1 bilhões e um lucro operacional de R$ 1,6 bilhão. Esses números mostram que ambas as companhias estão em uma posição financeira sólida, mas também revelam que a união das operações pode criar sinergias e oportunidades significativas de crescimento.

Outro aspecto a ser considerado nas negociações é o complexo cenário de relações entre os acionistas e a estrutura de propriedade das empresas. A recente aquisição da Inspira pela Advent, que é gestora de private equity e acionista de referência da Yduqs, junto com a participação de Chaim Zaher — o maior acionista individual da Yduqs e controlador do Grupo SEB e da Conexia —, pode levar a potenciais conflitos de interesse. Essa complexidade pode criar obstáculos adicionais à fusão, pois diferentes interesses podem surgir durante o processo de integração.

Julia Peres

Redatora do Melhor Investimento.