Bilionário sócio da Americanas afirma ter sido o “maior prejudicado” com a fraude
Carlos Alberto Sicupira, um dos sócios bilionários da Americanas (AMER3), revelou em depoimento à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que se considera o maior prejudicado pela fraude que abalou a gigante do varejo. O depoimento, ocorrido em maio de 2023, foi recentemente divulgado pelo portal UOL e oferece detalhes preocupantes sobre a extensão e o impacto da fraude na empresa.
Carlos Alberto Sicupira, que ocupa a quinta posição entre os brasileiros mais ricos, com uma fortuna estimada em US$ 8,7 bilhões, manifestou em seu depoimento que se vê como um dos principais vítimas da fraude na Americanas. Sicupira, membro do conselho de administração da empresa, declarou que “sou quem mais perdeu” com as irregularidades descobertas. O depoimento à CVM revelou o impacto profundo que as inconsistências contábeis tiveram não apenas nas finanças da empresa, mas também em seus investidores e parceiros.
A revelação das irregularidades financeiras na Americanas deixou Sicupira em estado de choque. O ex-CEO da companhia, Sergio Rial, foi quem informou a Sicupira sobre as discrepâncias contábeis que totalizavam cerca de R$ 20 bilhões. De acordo com Sicupira, Rial pediu calma para não atrapalhar as investigações, o que levou o bilionário a adotar uma postura de contenção e aguardar um veredito mais claro. Essa abordagem disciplinada foi crucial para manter a integridade das investigações em andamento.
Sicupira detalhou que as fraudes envolviam operações de risco sacado com os bancos, nas quais financiamentos foram obtidos para pagar fornecedores sem serem registrados nos balanços da Americanas. Ele destacou que tais operações deveriam ter sido conhecidas pelo conselho de administração e pelo comitê de auditoria. No entanto, essas informações não estavam disponíveis para os órgãos de governança da empresa, o que levanta sérias questões sobre a transparência e a supervisão interna.
O bilionário descreveu a fraude como um esquema sistêmico que envolvia múltiplas áreas da Americanas, incluindo tesouraria, controladoria e o setor comercial. Segundo Sicupira, o esquema de fraude foi tão abrangente que conseguiu contornar todos os controles internos da empresa. A necessidade de consentimento de vários diretores e áreas da empresa para a execução bem-sucedida da fraude sugere um nível profundo de conivência e manipulação interna.
Em seu depoimento, Sicupira fez críticas contundentes à antiga diretoria da Americanas, acusando-os de corrupção generalizada e de influenciar as decisões relacionadas à sucessão dos presidentes-executivos da empresa. Ele argumenta que essa corrupção e interferência nas decisões administrativas contribuíram significativamente para a crise atual da Americanas. Sicupira acredita que a falta de governança eficaz e o controle deficiente permitiram a perpetuação das irregularidades contábeis.