Os contratos futuros de bitcoin (BITFUT) foram lançados na B3 na última quarta-feira (17). Aguardados há bastante tempo pelos traders, esses futuros têm o potencial de se tornar tão relevantes quanto os minicontratos de índice ou dólar, à medida que se desenvolvem.

Para o trader Alexandre Wolwacz, conhecido como Stormer, “os futuros de bitcoin, de fato, trazem para o trader uma alternativa de operação no mercado. No meu entendimento, existe um potencial para ultrapassar os minicontratos (de dólar e índice), porém, em um prazo um pouco mais longo”, disse. 

Já para Martha Matsumura, analista da XP, o BITFUT não está competindo com ativos já estabelecidos, “mas sim complementando a liquidez”. “Trata-se de um ativo desvinculado da economia local (brasileira). Portanto, é muito útil para fins de hedge (proteção)”, explica ela.

BITFUT X WINFUT

A descorrelação com o Ibovespa é um dos pontos destacados por especialistas. Como o BITFUT está vinculado ao índice Nasdaq Bitcoin Reference PriceTM Index, ele não reflete questões internas, como risco fiscal e outros fatores locais.

“Portanto, por não estar diretamente ligado à economia local – aos acontecimentos aqui, em termos de risco político e econômico do Brasil – esses fatores não afetam o bitcoin. Isso é uma grande vantagem”, observa Martha.

Para Stormer, o BITFUT oferece uma oportunidade de “internacionalização” das operações, pois “se desvincula dos problemas geopolíticos do Brasil”. “Isso permitirá que o trader se concentre mais na análise gráfica”, acrescenta ele.

“Não é incomum que o índice futuro esteja em um movimento (gráfico) e, de repente, com uma declaração ou evento, tudo seja revertido, produzindo um risco significativo para o trader”, reforça Stormer.

 Mais Volatilidade

“Geralmente, as negociações de minicontratos tendem a desacelerar após o almoço. No entanto, como o bitcoin apresenta volatilidade o tempo todo, inclusive à tarde, pode atrair muitos traders que operam o bitcoin (fora do ambiente da B3)”, explicou ela.

Martha também destaca que o BITFUT pode encorajar os traders a trazerem capital investido em exchanges no exterior para a B3, aumentando assim a liquidez e possibilitando investimentos em outros produtos da Bolsa.

Stormer enfatiza que o bitcoin tende a se movimentar mais rapidamente e em uma amplitude maior, especialmente durante a tarde.

“Isso é positivo, pois o índice tem maior volatilidade pela manhã e tende a se estabilizar à tarde. Portanto, podemos direcionar nossa atenção para o BITFUT, que provavelmente terá mais movimento no período da tarde”, acrescenta ele.

Ambiente mais seguro

Segundo o trader André Felipe Kod, os futuros de bitcoin devem atrair principalmente traders que operam no exterior e aqueles que enfrentam dificuldades para acessar suas contas fora do Brasil. Dessa forma, podem encontrar um ambiente de negociação mais seguro.

“O receio de operar em uma corretora estrangeira, que pode fechar a qualquer momento e resultar em perda total, é eliminado”, exemplifica Kod, referindo-se a casos de pessoas que perderam dinheiro devido ao fechamento repentino de exchanges no exterior.

“Se uma corretora de criptomoedas sair do ar, você simplesmente perde tudo. Na B3, esse risco não existe. Isso oferece uma camada extra de segurança para os investidores”, reforça Felipe Borges, analista da Nomus.

Além da preocupação com a segurança das operações em exchanges estrangeiras, Stormer acrescenta que, para os investidores, operar dentro das regras da B3, da CVM e da legislação brasileira facilita o processo de obtenção de documentos e informações, como para a declaração do Imposto de Renda.