BCE corta juros para 2,25% e reforça foco no controle da inflação
Banco Central Europeu reduz taxa de depósito em 0,25 ponto percentual e sinaliza que futuras decisões dependerão da evolução dos dados econômicos.

Nesta quinta-feira (17), o Banco Central Europeu (BCE) comunicou um corte de 0,25 ponto percentual em suas principais taxas de juros na zona do euro. Com a medida, a taxa de depósito — principal referência da política monetária do bloco — passou de 2,50% para 2,25%. A nova taxa entra em vigor a partir de 23 de abril de 2025.
Além da taxa de depósito, a taxa de refinanciamento caiu de 2,65% para 2,40%, e a taxa de empréstimo recuou de 2,90% para 2,65%. A decisão ocorre em um contexto de desaceleração da inflação e maior cautela em relação ao crescimento econômico da região.
Em comunicado oficial, o BCE explicou que a decisão foi baseada em uma avaliação atualizada das perspectivas inflacionárias, da inflação subjacente e da efetividade da política monetária. “A inflação continua a desacelerar e os principais indicadores sugerem que ela poderá se estabilizar em torno da meta de 2% no médio prazo”, afirmou a autoridade monetária.
O banco também destacou fatores como a moderação no crescimento dos salários e a redução dos lucros corporativos, especialmente no setor de serviços, como elementos que contribuem para a diminuição das pressões inflacionárias.
Impactos e incertezas no cenário europeu
Apesar dos sinais positivos em relação à inflação, o BCE alertou para os riscos que ainda cercam a economia da zona do euro. Entre eles, destacam-se as tensões comerciais com os Estados Unidos, que têm impactado a confiança de consumidores e empresas. Além disso, a volatilidade dos mercados e o aperto nas condições de financiamento são apontados como obstáculos potenciais ao crescimento econômico.
Dessa forma, o BCE reiterou que suas próximas decisões seguirão baseadas nos dados disponíveis, sendo analisadas caso a caso em cada encontro do conselho. Não há, portanto, um compromisso prévio com um ciclo específico de cortes ou aumentos nos juros.
Como o corte de juros afeta o Brasil?
Com a queda dos juros na zona do euro, os mercados emergentes, como o Brasil, podem se tornar mais atrativos para investidores em busca de maior rentabilidade. Isso porque, com juros menores em economias desenvolvidas, o retorno de ativos considerados seguros também diminui. Assim, investidores tendem a buscar alternativas que, mesmo com risco maior, ofereçam melhor retorno.
Contudo, para que o Brasil se beneficie desse cenário, é necessário que o país reforce sua credibilidade fiscal. Mesmo com a taxa Selic em níveis altos, a questão fiscal brasileira ainda levanta preocupações entre os investidores do exterior.
Além disso, os movimentos do Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, também influenciam o fluxo de capitais globais. Recentes declarações do presidente do Fed, Jerome Powell, indicam incertezas quanto à trajetória dos juros americanos, especialmente diante das pressões inflacionárias causadas pela política comercial do governo.
Diante desse cenário, o corte de juros na zona do euro é um passo relevante, mas não suficiente, para redesenhar por completo o mapa global dos investimentos. A atenção permanece voltada para os próximos movimentos dos principais bancos centrais do mundo e seus reflexos sobre os mercados emergentes.