A balança comercial brasileira enfrentou uma significativa deterioração em junho de 2024, resultando em um saldo positivo de US$ 6,7 bilhões. Essa queda de US$ 3,4 bilhões em relação ao mesmo mês do ano anterior é amplamente atribuída ao aumento das importações, especialmente de carros elétricos da China. Este cenário levanta questões sobre o futuro econômico do Brasil e suas relações comerciais.

Piora na balança comercial

Em junho de 2024, o saldo da balança comercial brasileira apresentou uma queda preocupante. Com um superávit de US$ 6,7 bilhões, houve uma redução significativa comparado ao mesmo período de 2023. O principal fator para essa diminuição foi o crescimento das importações, que subiram 14,4%, somado a uma ligeira queda de 1,9% nas exportações. A combinação desses fatores gerou um impacto negativo no superávit, refletindo uma necessidade urgente de análise da estrutura comercial do país.

Aumento das importações de carros elétricos

Um dos principais responsáveis pela deterioração da balança comercial é o aumento nas importações de carros elétricos da China. Nos últimos meses, observou-se um crescimento impressionante de 432% em valor e 473% em quantidade na importação de veículos de passageiros. Esses dados evidenciam não apenas a crescente demanda por veículos elétricos, mas também a dependência do Brasil em relação às importações chinesas para atender a essa demanda.

Alteração nas alíquotas de imposto

Para mitigar o impacto das crescentes importações, o governo brasileiro alterou o cronograma de alíquotas do imposto sobre veículos elétricos. A nova tabela estabelece as seguintes alíquotas:

  • 10% a partir de janeiro de 2024
  • 18% em julho de 2024
  • 25% em julho de 2025
  • 35% em julho de 2026

Essa decisão visa fortalecer a produção de veículos elétricos no Brasil, tentando equilibrar o comércio e incentivar a fabricação local.

Dados gerais da balança comercial no 1º semestre

No acumulado do primeiro semestre de 2024, o saldo da balança comercial alcançou US$ 42,3 bilhões, o que representa uma queda de US$ 2,3 bilhões em comparação ao mesmo período de 2023. As exportações tiveram uma variação positiva de +1,4%, enquanto as importações subiram +3,9%, indicando uma tendência preocupante para o comércio exterior brasileiro.

Exportações por setor

As exportações brasileiras também mostraram um desempenho desigual em junho. As vendas de produtos não commodities caíram -16,6%, contrastando com o crescimento de +7,7% nas commodities. Esse resultado reforça a crescente dependência do Brasil em relação às exportações de commodities, que agora representam 71% do total exportado, um aumento significativo em comparação aos 68% registrados no ano anterior.

Impacto das commodities nas exportações

A participação das commodities nas exportações brasileiras atingiu o maior patamar desde 1997, refletindo uma tendência de crescimento contínuo. O aumento das exportações de petróleo bruto foi especialmente notável, com uma variação positiva de +31,6%, consolidando sua importância nas exportações totais do país.

Perspectivas futuras

As perspectivas para a balança comercial não apresentam novidades alentadoras. A desaceleração do crescimento da China levanta preocupações sobre a continuidade da demanda por produtos brasileiros e pode resultar em um aumento das medidas protecionistas. Esse cenário pode afetar as importações e, por consequência, o equilíbrio da balança comercial.

Comparativo de setores e desempenho

Até junho de 2024, o aumento das importações foi particularmente acentuado em bens duráveis, que cresceram 320% em comparação ao mesmo período do ano anterior. Esse crescimento é emblemático da transição do Brasil para um mercado mais dependente de produtos importados, especialmente de alta tecnologia e inovação.