Um grupo de executivos e ex-executivos do mercado financeiro se uniu para lançar a A5X, uma nova bolsa de derivativos com investimento inicial de R$ 200 milhões. Esta iniciativa visa competir com a B3, que atualmente domina este segmento.

A equipe fundadora da A5X inclui Carlos Ferreira Filho e Karel Luketic (ex-executivos e ex-sócios da XP), Nilson Monteiro (fundador e CEO da corretora Ideal, atualmente controlada pelo Itaú) e Julian Chediak (sócio do escritório Chediak Advogados). A primeira rodada de investimentos (série A) trouxe novas parcerias, incluindo uma instituição financeira, possivelmente a corretora Ideal.

Já a segunda rodada de investimentos (série B), que  está em andamento, deve atrair de cinco a seis novos investidores do setor financeiro. Ferreira Filho, CEO da A5X, espera captar cerca de R$ 200 milhões entre as séries A e B, o suficiente para iniciar as operações.

Fora esses investidores, que variam entre pessoas físicas e jurídicas, a corretora XP possui uma opção de compra que pode ser exercida a médio prazo, alinhando-se com a visão de inovação e competitividade que a A5X busca implementar.

“Nós [ele e Luketic], por vários anos, fizemos parte da XP, que sempre foi uma entusiasta por um mercado inovador e competitivo. Portanto, faz todo sentido a plataforma, de alguma forma, fazer parte desse nosso projeto que também trará muita inovação ao mercado”, explica Ferreira Filho. Procurada, a XP não quis comentar o assunto.

Planejamento da A5X

Vale destacar que a nova bolsa vem sendo planejada pelo quarteto ao longo de um ano, quando a dupla Ferreira Filho e Luketic deixou de ter qualquer tipo de cargo ou participação acionária na XP.

Carlos Ferreira Filho disse ter constatado que “a bolsa brasileira é uma das mais caras do mundo. Isso contribuiu para a exportação dos negócios”, afirmou. Segundo os envolvidos no projeto, foi a partir desse momento que decidiram contratar uma consultoria estrangeira, que já ajudou na estruturação de várias outras novas bolsas pelo mundo, especialmente na Europa e nos Estados Unidos.

“No trabalho junto com essa consultoria, nos surpreendeu ver como a tecnologia avançou muito e hoje está plenamente a serviço de um mercado muito mais aberto a novos participantes e de uma forma muito mais ágil”, contou Luketic.

Já Monteiro, um dos fundadores da A5X e CEO da corretora Ideal, comentou que a decisão de começar a bolsa pelo mercado de derivativos veio do enorme leque de produtos que já há nesse segmento e que ainda podem ser desenvolvidos.

“Cerca de 45% da receita da B3 vem só dos contratos de derivativos”, diz Monteiro, que possui bastante experiência com essa fatia de mercado. Inclusive, ele foi um dos criadores da corretora Ideal, em 2019, que rapidamente conquistou uma fatia relevante do volume de negócios com derivativos dentro da B3, ficando entre as três maiores corretoras do ranking, em participação.

O grupo já tem em mente os próximos passos. “Nada nos impede de depois entrarmos no mercado de ações também. Estamos abertos a fazer tudo aquilo que representar uma melhoria, tanto no atendimento aos investidores quanto no mercado de capitais como um todo”, disse Monteiro.

A A5X planeja ter uma estrutura proprietária para liquidação e compensação de operações, evitando os custos elevados associados ao uso da clearing da B3. Ferreira Filho aponta que a bolsa brasileira é uma das mais caras do mundo, incentivando a migração de negócios para mercados como o americano.

Além disso, a nova bolsa espera iniciar suas operações entre o final de 2025 e o primeiro semestre de 2026. Os próximos passos incluem montar a estrutura da companhia, contratar pessoal, fechar contratos com fornecedores e iniciar discussões regulatórias com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Concorrência para a B3

Esta não é a primeira bolsa que surge com o objetivo de concorrer com a B3. A primeira foi a CSD BR, que tem como sócios a Chicago Board Options Exchange (CBOE), o Santander e o BTG Pactual. E, mais recentemente, veio a notícia da American Trading Service (a ATS), uma controlada da Americas Trading Group (ATG), comprada pelo fundo Mubadala, de Abu Dhabi.

Durante uma entrevista recente, concedida ao Valor Econômico, o presidente da B3, Gilson Finkelsztain, disse estar preparado para esse cenário de concorrência e se mostrou mais preocupado com a disputa pelo investidor brasileiro com as bolsas internacionais.

Com: Valor Econômico