Na última segunda-feira (28), a 123Milhas, empresa que enfrentando um cenário de crise devido ao cancelamento de viagens, divulgou um plano de reestruturação interna, que inclui a redução de sua equipe por meio de demissões. Embora a empresa não tenha divulgado o número exato de desligamentos, relatos em redes sociais indicam que diversas pessoas foram afetadas pelas demissões, gerando surpresa e preocupação entre os funcionários.

Justificativa para as demissões

A 123Milhas justificou as demissões como uma medida necessária para se adequar às mudanças no mercado. A empresa explicou que essa difícil decisão foi tomada como parte de um conjunto de ações para enfrentar os impactos decorrentes da drástica redução das vendas. A empresa está empenhada em restaurar gradualmente sua estabilidade financeira, conforme comunicado oficial.

Indivíduos que afirmam terem sido demitidos da 123Milhas compartilharam suas experiências no LinkedIn, descrevendo uma “grande onda de desligamentos” que atingiu várias áreas, incluindo a equipe de tecnologia. Alguns relataram terem sido pegos de surpresa com as notificações de demissão geral.

Uma lista divulgada por um ex-funcionário demitido incluía dezenas de nomes apenas do setor de risco e fraudes. Outra lista mencionava quase 100 nomes distribuídos em diferentes departamentos, como financeiro e produção audiovisual.

Contexto da crise 123Milhas

A 123Milhas anunciou anteriormente, no dia 18, a suspensão temporária dos pacotes de viagens com datas flexíveis e a emissão de passagens promocionais. Em resposta, a empresa ofereceu “vouchers acrescidos de correção monetária de 150% do CDI, acima da inflação e dos juros de mercado” como alternativa. No entanto, muitos clientes com viagens marcadas solicitaram o reembolso do valor pago.

Essa abordagem levou a empresa a enfrentar críticas de clientes e notificações de entidades de defesa do consumidor, incluindo o Procon-SP. No último dia 24, o Procon-SP informou ter iniciado uma investigação sobre a 123Milhas, após não considerar satisfatória a resposta preliminar da empresa aos questionamentos levantados.

A advogada do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), Carolina Vesentini, em entrevista ao InvestNews, destacou que a solução proposta pela 123Milhas aos clientes é ilegal. De acordo com o Código de Defesa do Consumidor (CDC), sempre que um fornecedor recusa o cumprimento de uma oferta feita ao consumidor, este tem o direito de exigir o cumprimento da oferta, um produto equivalente ou o reembolso do valor pago, devidamente atualizado. A oferta unilateral do voucher como única opção, de acordo com Vesentini, é contrária ao CDC e, portanto, considerada ilegal.