Crise no Banco Master leva BC a decretar liquidação e expõe suspeitas de fraude bilionária
A crise no Banco Master atingiu seu ponto mais crítico na últimaterça-feira (18), quando o Banco Central decidiu decretar a liquidação extrajudicial da instituição após identificar graves irregularidades e deterioração financeira. A medida foi tomada horas depois da divulgação de uma possível venda para a Fictor Holding Financeira e um dia após a prisão do […]
Foto: Maria Isabel Oliveira
A crise no Banco Master atingiu seu ponto mais crítico na últimaterça-feira (18), quando o Banco Central decidiu decretar a liquidação extrajudicial da instituição após identificar graves irregularidades e deterioração financeira. A medida foi tomada horas depois da divulgação de uma possível venda para a Fictor Holding Financeira e um dia após a prisão do proprietário, Daniel Vorcaro, no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo.
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A decisão do Banco Central encerra oficialmente as operações do Banco Master, retira a instituição do sistema financeiro nacional e transfere o comando para um liquidante, responsável por vender ativos, assumir contratos e pagar credores na ordem prevista pela legislação. Segundo o BC, a ação se justifica pela combinação entre fragilidade econômico-financeira e violações regulatórias consideradas graves.
Para correntistas e investidores, a liquidação aciona automaticamente as regras de proteção do Fundo Garantidor de Créditos (FGC). São cobertas até R$ 250 mil por CPF ou CNPJ, incluindo aplicações como CDBs, RDBs, LCIs e LCAs. O pedido de reembolso deve ser feito pelo aplicativo oficial do FGC, no caso de pessoas físicas, ou via site para empresas. Em geral, o pagamento ocorre após validação dos dados, com prazo médio de liberação entre 14 e 40 dias em processos anteriores.
No entanto, investidores que aplicaram em produtos sem cobertura — como debêntures, CRIs, CRAs e fundos — terão que aguardar o processo de liquidação para tentar recuperar valores superiores ao limite garantido.
Prisão de Daniel Vorcaro expõe contradições e amplia incertezas
A crise ganhou contornos policiais na noite de segunda-feira (17), quando o dono do Banco Master, Daniel Vorcaro, foi preso pela Polícia Federal. De acordo com a investigação, Vorcaro embarcava em um jatinho particular com destino inicial a Malta, o que levantou suspeitas de fuga. Sua defesa contesta a acusação e afirma que o destino final era Dubai, onde ele se reuniria com representantes da Fictor Holding, empresa que horas depois anunciaria interesse na aquisição do banco.
A operação da PF também cumpriu mandados contra outros executivos da instituição. Em um dos endereços ligados ao grupo, foram encontrados R$ 1,6 milhão em espécie. Ao todo, cinco diretores foram presos, incluindo Augusto Ferreira Lima, ex-CEO.
Fraude bilionária e envolvimento do BRB elevam gravidade do caso
As investigações revelam suspeitas de um esquema complexo, envolvendo a emissão de R$ 50 bilhões em CDBs com juros muito acima da média do mercado. Para sustentar a imagem de liquidez, parte dos recursos teria sido direcionada para a compra de ativos considerados inexistentes, supostamente emitidos por uma empresa chamada Tirreno. Em seguida, esses mesmos créditos teriam sido revendidos ao Banco de Brasília (BRB), que desembolsou R$ 12,2 bilhões sem documentação adequada.
Segundo o Ministério Público Federal, dirigentes do BRB teriam participado conscientemente das operações. Entre 2024 e 2025, o banco público injetou R$ 16,7 bilhões no Master — movimento que coincidiu com a tentativa frustrada de adquirir a instituição.
Antes do colapso, o Banco Master cresceu aceleradamente usando uma estratégia agressiva de captação: oferecia CDBs com taxas muito superiores ao mercado, apostando na confiança dos investidores na cobertura do FGC. O passivo bilionário formado foi lastreado por ativos de baixa liquidez, como precatórios e participações em empresas endividadas, comprometendo a capacidade de pagamento da instituição.
A crise levou Vorcaro a buscar compradores. O BRB chegou a anunciar a aquisição em 2024, mas o negócio foi vetado pelo Banco Central. Na véspera da liquidação, a Fictor Holding Financeira comunicou intenção de compra com aporte de R$ 3 bilhões — negociação automaticamente suspensa pela intervenção do BC.
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