A fusão entre Marfrig (MRFG3) e BRF (BRFS3) dá origem à MBRF (MBRF3), que estreia na B3 nesta terça-feira (23). A operação transforma o mercado de proteínas brasileiro, colocando a nova companhia como rival direta de JBS (JBSS32) e Tyson (TSN).

Fim de uma era: BRF deixa de negociar ações

Nesta segunda-feira (22), investidores se despedem das ações da BRF (BRFS3), que deixam de ser negociadas na B3. A partir de amanhã, a Marfrig passa a negociar sob o novo ticker MBRF3, refletindo a incorporação da BRF. O processo enfrentou resistência de acionistas minoritários, que questionaram a relação de troca, considerada favorável apenas à Marfrig.

O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou a fusão sem restrições no início de setembro, formalizando a criação da MBRF.

MBRF nasce com portfólio diversificado e presença global

A MBRF terá atuação em 117 países, oferecendo carne bovina, suína e de aves, produtos industrializados, pratos prontos e alimentos para pets. Cerca de 38% do portfólio será composto por produtos de valor agregado, incluindo marcas consagradas como Sadia, Perdigão, Qualy, Banvit e Bassi.

Marcos Molina, fundador da Marfrig, mantém 52% do capital da nova companhia, que projeta receita líquida anual de R$ 152 bilhões.

Perspectivas dos bancos para MBRF

  • BTG Pactual estima valor de mercado de R$ 27 bilhões e free float de 46,9%, com EBITDA projetado em R$ 12,5 bilhões para 2025.
  • Santander mantém recomendação neutra devido à alta alavancagem, com preço-alvo de R$ 20.
  • Goldman Sachs recomenda compra, com preço-alvo de R$ 30,2, destacando compensação entre desempenho da BRF na América do Sul e América do Norte.
  • Citi também aposta na escala e diversificação da MBRF, prevendo sinergias anuais de R$ 805 milhões e preço-alvo de R$ 29.

A consolidação de 38% das vendas em produtos processados dá resiliência à companhia frente aos ciclos de commodities.

Investidores devem observar volatilidade e variáveis externas

Especialistas alertam que fatores como custo de insumos, dólar, regulação sanitária e demanda internacional impactam o desempenho da empresa. No curto prazo, a ação deve apresentar volatilidade, enquanto sinergias e eficiências tendem a se consolidar no médio e longo prazo.

Direito de retirada

Entre 6 de agosto e 5 de setembro, investidores puderam exercer o direito de retirada. No total, 9.981.683 ações da BRF foram reembolsadas, equivalentes a R$ 198,5 milhões, enquanto a Marfrig teve apenas cinco ações retiradas.

Agora, cada ação da BRF será convertida em 0,8521 ação da Marfrig, negociada sob MBRF3. Frações de ações serão leiloadas na B3, com recursos distribuídos aos acionistas da BRF.

Dividendos acima do esperado

A BRF declarou R$ 3,32 bilhões em proventos, sendo R$ 2,92 bilhões em dividendos e R$ 400 milhões em juros sobre capital próprio (JCP). A Marfrig anunciou R$ 2,34 bilhões em dividendos, pagos em parcela única em 29 de setembro (BRF) e 30 de setembro (Marfrig).

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Pedro Gomes

Jornalista formado pela UniCarioca, com experiência em esportes, mercado imobiliário e edtechs. Desde 2023, integra a equipe do Melhor Investimento.