O IPCA de agosto deve apresentar a maior deflação mensal em quase três anos, refletindo fatores internos que continuam a reduzir a pressão sobre os preços no Brasil. Apesar de desafios como a bandeira vermelha patamar 2 nas tarifas de energia elétrica, estiagem em algumas regiões e ajustes pontuais em determinados produtos e serviços, a dinâmica inflacionária permanece controlada. Parte importante desse movimento se deve ao chamado “bônus de Itaipu”, que tem efeito direto sobre os preços do grupo Habitação, contribuindo para a deflação.

A expectativa do mercado é que o IPCA confirme o arrefecimento disseminado da inflação, com quedas adicionais em segmentos como Alimentos e Transportes, mantendo o ritmo de desaceleração observado nos últimos meses. O índice será divulgado na quarta-feira, 10 de setembro, e é um dos indicadores mais aguardados para medir o comportamento da economia brasileira.

Desaceleração econômica no Brasil permanece evidente

Embora o setor de serviços apresente sinais de retração, a economia brasileira ainda é sustentada pelo mercado de trabalho e pela renda das famílias. A geração de vagas formais e mudanças no padrão de consumo ajudam a manter algum crescimento, especialmente no maior setor da economia, na entrada do segundo semestre.

No comércio varejista restrito, a projeção para julho indica alta em torno de 0,2%. Esse resultado deve ser interpretado mais como uma correção técnica após três meses consecutivos de queda do que como uma inversão de tendência. Apesar de avanços pontuais, a percepção predominante continua sendo de perda de tração da economia, sem sinais consistentes de recuperação robusta.

Os dados oficiais do varejo de julho serão divulgados na quinta-feira (11/09), enquanto o balanço do setor de serviços será publicado na sexta-feira (12/09), fornecendo mais clareza sobre a evolução econômica recente.

Inflação nos Estados Unidos tende a acelerar

Enquanto o Brasil observa deflação, a inflação nos Estados Unidos apresenta sinais de aceleração. Após a surpresa altista do índice de preços ao produtor em julho, o CPI (Consumer Price Index) deve avançar de 0,2% para 0,3% em agosto, conforme projeções do mercado.

Embora esse aumento dificilmente altere a decisão do Federal Reserve de reduzir juros em setembro, o resultado pode levar a autoridade monetária a adotar um tom mais cauteloso em seu comunicado. O modelo do Fed já projeta um incremento adicional de 0,3% na inflação em setembro, reforçando a expectativa de persistência inflacionária. Essa dinâmica deve impactar a velocidade do ciclo de afrouxamento monetário, tornando-o mais gradual e conservador do que atualmente precificado pelo mercado.

BCE deve manter taxa de juros inalterada

Na Europa, o Banco Central Europeu (BCE) deve manter a taxa de juros inalterada neste mês. Apesar da economia da região apresentar sinais claros de estagnação, a inflação continua ligeiramente acima da meta, limitando a possibilidade de cortes adicionais no curto prazo.

Outro fator relevante é a recente estabilização do euro frente ao dólar, após valorização de mais de 13% no acumulado do ano. A moeda mais estável reduz preocupações imediatas sobre a competitividade externa e permite ao BCE interromper temporariamente o ciclo de afrouxamento monetário sem prejudicar as exportações europeias, já pressionadas por tarifas impostas pelos Estados Unidos. A decisão do BCE será divulgada na quinta-feira.

Indicadores chineses ganham atenção

A economia da China também estará no foco do mercado nesta semana. Após julho registrar o primeiro recuo no volume mensal de empréstimos em quase duas décadas, além de outros sinais de crescimento abaixo do desejado, os indicadores de agosto serão fundamentais para avaliar se o enfraquecimento é prolongado ou pontual.

O desempenho das importações e a variação do índice de preços ao consumidor (CPI) serão essenciais para medir a força da demanda interna, um fator-chave para sustentar o crescimento da segunda maior economia do mundo. A divulgação do CPI chinês ocorrerá na terça-feira à noite, enquanto os números do mercado de crédito serão publicados na sexta-feira de manhã, sempre no horário de Brasília.

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