O Banco Central (BC) decidiu retirar a tecnologia de rede de registro distribuído (DLT) da próxima fase do Drex, a moeda digital brasileira. A alteração, anunciada na última semana, busca dar mais controle e visibilidade às operações, atendendo às exigências de supervisão e segurança do projeto.

Segundo Vanessa Butalla, diretora jurídica e de conformidade do Grupo 2TM/Mercado Bitcoin, a mudança é compreensível diante das dificuldades em atender às demandas do BC dentro de uma estrutura descentralizada.

“O BC busca uma estrutura em que possa controlar e supervisionar tudo o que acontece na rede. Isso é muito difícil de implementar em uma DLT”, afirmou durante o evento Beyond Capital, em São Paulo.

O desafio do Drex: Privacidade

A principal barreira foi encontrar um modelo de privacidade que escondesse as transações de todos os participantes, exceto dos envolvidos diretamente, mantendo ao mesmo tempo a visibilidade do BC e a possibilidade de reverter operações por ordem judicial.

Para Butalla, uma alternativa seria permitir que apenas os participantes visualizem as transações, com posterior reporte consolidado ao BC.

“Posso ter os participantes fazendo uma curadoria das informações, que depois são registradas. O BC pode enxergar os dados em blockchain, mas não ver cada parte individualmente”, sugeriu.

Próximos passos

Com a mudança, o BC pretende usar tecnologias mais tradicionais para entregar, até 2026, uma ferramenta de reconciliação de gravames. A partir daí, os testes com redes descentralizadas poderão ser retomados.

Apesar do recuo no uso de DLT, Butalla reforçou que o Mercado Bitcoin seguirá participando do Drex como um dos 16 consórcios envolvidos no desenvolvimento.

“Não é retrocesso, é parte do caminho evolutivo. Diminuiu o escopo e mudou a tecnologia para dar um primeiro passo em um ambiente mais seguro, para depois evoluir”, afirmou.

O MB concluiu os quatro casos de uso no piloto do Drex e mantém a aposta na blockchain e nas redes descentralizadas como infraestrutura do sistema financeiro do futuro.

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Pedro Gomes

Jornalista formado pela UniCarioca, com experiência em esportes, mercado imobiliário e edtechs. Desde 2023, integra a equipe do Melhor Investimento.