Ganho bilionário de mãe de fiscal leva a prisões na Ultrafarma e Fast Shop em operação do MP-SP
O Ministério Público de São Paulo deflagrou a operação Ícaro após detectar um salto patrimonial bilionário na empresa da mãe de um auditor fiscal, que teria usado essa empresa de fachada para facilitar fraudes na liberação de créditos tributários.

O ganho bilionário de mãe de fiscal do estado de São Paulo chamou a atenção do Ministério Público (MP-SP) e desencadeou uma grande investigação que resultou na prisão do dono da Ultrafarma, de um executivo da Fast Shop e de auditores fiscais suspeitos de participação em um esquema de corrupção envolvendo créditos tributários. A operação, chamada Ícaro, revelou uma fraude que movimentou bilhões de reais desde 2021 e expôs um esquema de propinas e lavagem de dinheiro.
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Prisões e operação Ícaro: o que aconteceu?
No dia da operação, que ocorreu em agosto de 2025, o MP-SP cumpriu três mandados de prisão — incluindo o dono da Ultrafarma e um executivo da Fast Shop — e 19 mandados de busca e apreensão em cidades como São Paulo, Ribeirão Pires e São José dos Campos. A ação resultou também na prisão de dois auditores fiscais estaduais suspeitos de envolvimento no esquema.
A operação Ícaro é fruto de investigações que começaram a partir do salto patrimonial bilionário da empresa da mãe de um dos fiscais, que chamou a atenção dos promotores. A empresa, que inicialmente não tinha atividade e funcionários, passou a receber quantias milionárias de empresas do setor varejista, levantando suspeitas de que era usada para facilitar o desvio de recursos públicos por meio da liberação fraudulenta de créditos tributários.
Ganho bilionário de mãe de fiscal: detalhes que motivaram a investigação
O caso começou a ser investigado depois que o Ministério Público identificou que o patrimônio declarado da empresa da mãe do auditor fiscal Artur Gomes da Silva Neto saltou de R$ 411 mil em 2021 para impressionantes R$ 2 bilhões em 2023. A empresa, sem funcionários ou atividades comerciais reais, foi apontada como uma fachada para operacionalizar o esquema.
Segundo as investigações, o auditor fiscal Artur, considerado o “cérebro” do esquema, comandava a empresa e usava sua influência para acelerar a liberação de créditos tributários para grandes varejistas mediante pagamento de propina. Documentos obtidos nas buscas mostram transferências superiores a R$ 1 bilhão para a empresa de fachada, especialmente vindas da Fast Shop.
Como funcionava o esquema de créditos tributários
O esquema operava por meio da liberação irregular de créditos tributários, que são valores que as empresas têm direito a receber do Fisco como ressarcimento ou compensação de impostos pagos. No entanto, esse processo burocrático e demorado foi contornado com a ajuda do auditor fiscal, que orientava as empresas sobre os documentos necessários e acelerava os pedidos em troca de pagamentos ilícitos.
Empresas do varejo, incluindo Ultrafarma e Fast Shop, teriam recorrido ao esquema para liberar rapidamente esses créditos, economizando milhões de reais. O pagamento da propina era uma prática recorrente, segundo as apurações do MP-SP, que continua investigando se outras empresas do setor também estão envolvidas.
Outros suspeitos e lavagem de dinheiro
Além do auditor Artur, outro fiscal aposentado e um terceiro tiveram pedidos de prisão solicitados pelo MP-SP. Também foram presos dois suspeitos de lavagem de dinheiro — Celso de Araújo e Tatiane de Conceição Lopes — em cujas casas foram apreendidos mais de R$ 1 milhão em dinheiro e sacos com pedras preciosas.
Os promotores acreditam que o esquema envolvia diversas pessoas que ajudavam a lavar o dinheiro oriundo das propinas pagas pelas empresas investigadas. O aprofundamento das investigações deve revelar novas conexões e possíveis outros envolvidos.
Perfil das empresas envolvidas no esquema
A Ultrafarma, fundada em 2000, é uma rede bastante conhecida pela venda de medicamentos genéricos a preços competitivos, com presença em mais de 300 lojas licenciadas e sete unidades próprias na cidade de São Paulo. Já a Fast Shop, criada em 1986, é uma rede nacional com foco em eletrodomésticos e eletroeletrônicos, contabilizando 80 lojas físicas e uma receita estimada em R$ 3,6 bilhões em 2023.
Ambas as empresas afirmaram estar colaborando com as investigações, embora até o momento não tenham tido acesso ao conteúdo completo da apuração realizada pelo Ministério Público.
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