O empresário Sidney Oliveira preso na última terça-feira (12/08) em São Paulo chamou a atenção do mercado e do público ao se tornar alvo da Operação Ícaro, conduzida pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP). O fundador da Ultrafarma, rede de farmácias com forte presença online, foi detido temporariamente em uma ação que investiga um esquema bilionário de fraude tributária e corrupção.

Segundo o MP-SP, Sidney Oliveira estaria envolvido em um grupo que manipulava processos de ressarcimento de créditos de ICMS para empresas varejistas, cobrando propina para acelerar e ampliar os valores liberados. A investigação aponta que o esquema começou em 2021 e movimentou cerca de R$ 1 bilhão em vantagens ilícitas.

Essa operação é um desdobramento de investigações que apuram irregularidades envolvendo auditores-fiscais da Secretaria da Fazenda e Planejamento do Estado de São Paulo, que teriam facilitado o ressarcimento de créditos de ICMS em troca de pagamentos ilegais.

Provas e funcionamento do esquema

Conforme divulgado pelo MP-SP, há evidências que mostram que o esquema continuava ativo até maio e junho de 2025. Sidney Oliveira preso aparece nas investigações como consentindo a atuação de Artur Gomes da Silva Neto, auditor fiscal considerado o “cérebro” da operação.

Artur manipulava todo o processo: coletava documentos, solicitava o ressarcimento e aprovava pedidos, evitando revisões. Em alguns casos, os valores liberados superavam os limites legais e eram pagos em prazos reduzidos. Foram ainda encontrados pagamentos milionários para uma empresa de fachada registrada no nome da mãe de Artur, além de dinheiro em espécie, esmeraldas e criptomoedas apreendidos durante a operação.

Outros envolvidos na Operação Ícaro

Além de Sidney Oliveira, foram detidos:

  • Artur Gomes da Silva Neto, auditor fiscal da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo;
  • Marcelo de Almeida Gouveia, auditor fiscal;
  • Mário Otávio Gomes, diretor estatutário da Fast Shop;
  • Duas contadoras que prestavam suporte à operação fraudulenta.

A prisão temporária foi determinada pela Justiça devido ao risco de destruição de provas, intimidação de testemunhas e continuidade dos crimes. O MP-SP destacou ainda o alto poder financeiro e influência dos investigados, além do histórico de viagens a paraísos fiscais, o que aumentou o risco de fuga.

Início e desdobramentos da investigação

A investigação começou a ganhar força após a descoberta de um aumento patrimonial súbito em uma empresa registrada em nome da mãe de Artur. Até meados de 2021, a companhia não apresentava movimentação significativa. A partir do segundo semestre daquele ano, passou a receber valores milionários da Fast Shop, chegando a cerca de R$ 1 bilhão em valores brutos.

O MP-SP detalhou que os pagamentos eram realizados para facilitar o ressarcimento de créditos de ICMS, que deveriam ter sido concedidos apenas dentro dos limites legais. O esquema, portanto, unia corrupção de auditores fiscais com vantagens financeiras ilícitas a empresas do varejo.

Trajetória de Sidney Oliveira

Sidney Oliveira nasceu em Nova Olímpia, Paraná, município com cerca de seis mil habitantes. Filho de família humilde, começou a trabalhar aos nove anos em uma farmácia local e construiu toda sua carreira na área de medicamentos. Em 2000, fundou a Ultrafarma, apostando na expansão dos genéricos no Brasil.

A Ultrafarma também teve um canal de televisão próprio, a TV Ultrafarma, que funcionou de 2015 a 2017, e hoje mantém forte presença digital, atendendo cerca de 4 milhões de clientes ativos com mais de 15 mil produtos. Sidney Oliveira também é o garoto-propaganda da rede e empresta seu nome a produtos de medicamentos, suplementos e higiene pessoal.

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