As ações do Banco do Brasil (BBAS3) acumulam uma queda de -33,29% nos últimos 6 meses, mas o estopim foi a desvalorização de 6,85% na tarde da última sexta-feira (2), o pior desempenho diário desde janeiro de 2023.

Veja o gráfico que ilustra a despencada:

Banco do Brasil despenca na Bolsa: entenda os motivos e veja se ainda vale investir em BBAS3
Desempenho das ações BBAS3 na última sexta-feira, 01 de agosto de 2025. Imagem: Google

O tombo fez a estatal perder R$ 7,7 bilhões em valor de mercado e acendeu preocupações no mercado.

“A magnitude da queda chama a atenção não apenas pelo impacto financeiro imediato, mas também pelo contexto histórico”, afirmou, em nota, a consultoria Elos Ayata.

Por que as ações do Banco do Brasil (BBAS3) estão caindo?

A queda das ações do Banco do Brasil está relacionada a dois gatilhos: a divulgação de dados operacionais fracos e rumores envolvendo pressões políticas externas.

Primeiro, uma especulação política ganhou tração nos bastidores do mercado. Segundo a colunista Bela Megale, do O Globo, o deputado Eduardo Bolsonaro teria solicitado ao governo dos EUA o bloqueio de bens do ministro Alexandre de Moraes, do STF, com base na Lei Magnitsky, legislação americana que prevê sanções a indivíduos e instituições por violações de direitos humanos.

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A possibilidade de que o governo Trump avalie sanções a instituições financeiras brasileiras, incluindo estatais como o Banco do Brasil, gerou apreensão e pode ter contribuído para o aumento da aversão ao risco por parte dos investidores estrangeiros.

No entanto, o principal fator de preocupação foi técnico: os números operacionais de maio divulgados pelo Banco Central mostraram um lucro líquido mensal de apenas R$ 516 milhões, sinalizando um resultado trimestral estimado (run rate) de R$ 3,5 bilhões, 31% abaixo da projeção do Bradesco BBI, que esperava R$ 4,89 bilhões.

Enquanto isso, os concorrentes privados como BTG Pactual (BPAC11) e Itaú Unibanco (ITUB4) mostraram indicadores mais sólidos a partir dos mesmos dados, o que intensificou a rotação de capital dentro do setor financeiro.

Aumento da exposição ao Plano Safra e agronegócio

Outro fator que também vem preocupando investidores e analistas é o reforço no financiamento ao agronegócio com R$ 230 bilhões destinados ao Plano Safra 2025/26, o maior volume já registrado pela instituição, anunciado em julho.

Apesar do crescimento modesto de 2% em relação ao ciclo anterior, a medida gerou preocupação no mercado em razão da inadimplência crescente no setor rural, que já representa 3,04% de um portfólio agro superior a R$ 400 bilhões.

A percepção dos analistas é que o banco estaria “assumindo mais risco” em um cenário de clima desfavorável, margens apertadas e endividamento elevado entre os produtores.

É hora de investir nas ações do Banco do Brasil (BBAS3)?

Para o assessor de investimentos Lucas Bosquesi, da InvestSmart, o momento pode ser favorável para investidores com visão de médio a longo prazo.

“Temos estruturado operações com proteção, buscando capturar um possível retorno das ações aos seus múltiplos históricos, sem abrir mão da preservação de capital. O mercado pode estar superestimando os impactos negativos de curto prazo e subestimando a capacidade do banco de se adaptar e recuperar margens”, afirma Bosquesi.

Segundo ele, para investidores que valorizam boas assimetrias entre risco e retorno, BBAS3 pode representar uma oportunidade interessante neste nível de preço, especialmente quando operada com estratégias que combinam prudência e potencial de valorização.

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Pedro Gomes

Jornalista formado pela UniCarioca, com experiência em esportes, mercado imobiliário e edtechs. Desde 2023, integra a equipe do Melhor Investimento.