O economista Paul Krugman, vencedor do Prêmio Nobel de Economia, afirmou em artigo recente que o Brasil pode ter “inventado o futuro do dinheiro” com a criação do Pix. Para ele, o sistema brasileiro de pagamentos instantâneos já entrega resultados que outras tecnologias promissoras, como o blockchain, ainda não conseguiram alcançar. Krugman destacou, ainda, a eficiência, a inclusão financeira e os baixos custos do Pix, que se mostram exemplos para o mundo — especialmente diante da resistência observada nos Estados Unidos.

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Pix: inovação brasileira que revolucionou os pagamentos digitais

O Pix, sistema de pagamentos instantâneos criado pelo Banco Central do Brasil, foi lançado em novembro de 2020 com o objetivo de facilitar transferências e pagamentos em tempo real. Desde então, sua adoção cresceu rapidamente e, hoje, atinge cerca de 93% da população adulta brasileira, segundo dados citados por Krugman. Isso faz do Pix o principal meio de pagamento no país, superando até mesmo o uso de dinheiro em espécie e cartões tradicionais.

Um dos principais motivos para esse sucesso está na simplicidade e rapidez do sistema. Enquanto métodos convencionais, como transferências por débito ou crédito, podem levar dias para serem processados, o Pix completa transações em média em apenas 3 segundos. Essa velocidade, aliada à gratuidade para pessoas físicas, contribui para a ampla aceitação.

Eficiência e custos: vantagens que colocam o Pix à frente de sistemas americanos

Krugman comparou o Pix a uma versão pública do sistema Zelle, operado por bancos nos Estados Unidos. Embora o Zelle também permita transferências digitais, ele não alcança a mesma massividade e facilidade de uso do Pix. Além disso, os custos são significativamente diferentes: no Brasil, comerciantes pagam uma taxa média de apenas 0,33% por transação via Pix, enquanto nos EUA as taxas chegam a 1,13% para débito e 2,34% para crédito.

Esses custos menores refletem diretamente na competitividade do varejo e na inclusão financeira, já que pequenos comerciantes e consumidores ganham acesso a um sistema barato e eficiente. Isso demonstra como o Pix não é apenas um avanço tecnológico, mas também um mecanismo que promove maior justiça econômica.

Resistência nos Estados Unidos e crítica ao Congresso americano

Apesar do sucesso do Pix, Krugman critica a postura do Congresso dos Estados Unidos em relação às moedas digitais públicas. Na semana anterior à publicação de seu artigo, os parlamentares americanos aprovaram leis para incentivar stablecoins — moedas digitais lastreadas em ativos reais — mas proibiram o Federal Reserve (Fed) de sequer estudar a criação de uma moeda digital própria.

Segundo Krugman, essa resistência está ligada aos interesses da indústria financeira tradicional, que teme perder espaço para sistemas públicos eficientes, além de uma ideologia predominante de desconfiança em relação ao governo. Essa posição contrasta com o exemplo brasileiro, onde o Banco Central atua como agente facilitador, promovendo inovação e inclusão.

O impacto do Pix na inclusão financeira brasileira

Além da agilidade e do baixo custo, o Pix tem papel fundamental na inclusão financeira no Brasil. Antes de sua criação, grande parte da população ainda dependia do dinheiro físico ou tinha acesso limitado a serviços bancários digitais. Com o Pix, transferências, pagamentos e recebimentos se tornaram acessíveis a praticamente todos, mesmo para quem não possui conta em bancos tradicionais.

Essa característica foi destacada por Krugman como uma das maiores conquistas do Pix. Ele reforça que a tecnologia, ao ser pública e amplamente acessível, pode ajudar a reduzir desigualdades, um desafio importante para países em desenvolvimento.

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