ANP fechará por três dias na semana para economizar e enfrentar crise orçamentária
A Agência Nacional do Petróleo (ANP) anunciou que fechará suas portas por três dias na semana para conter despesas, devido à pior crise orçamentária em 20 anos.
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A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) comunicou que passará a fechar suas portas por três dias na semana. A medida extrema busca reduzir custos operacionais e manter as atividades essenciais da instituição até o fim de 2025. A decisão reflete a profunda crise orçamentária que atinge a agência reguladora, considerada por sua liderança como a pior das últimas duas décadas.
O anúncio foi feito pelo superintendente Luciano Lobo nesta quinta-feira (17), durante o terceiro dia do seminário Energia 360 Alagoas, realizado pela Origem Energia, em Maceió. Ele também solicitou apoio de representantes do setor energético para pressionar por uma solução junto ao governo.
Crise leva ANP a fechar por três dias na semana
De acordo com Luciano Lobo, a decisão foi comunicada internamente aos servidores na quarta-feira (16), após a equipe de gestão concluir que os recursos disponíveis não seriam suficientes para cobrir os custos operacionais até dezembro. A medida inclui a suspensão do funcionamento físico da agência durante três dias úteis por semana, como forma de reduzir despesas com energia, segurança e serviços de apoio.
“A ANP está enfrentando a pior crise dos últimos 20 anos. Sou servidor concursado há duas décadas e nunca presenciei algo semelhante”, afirmou Lobo durante o evento. Segundo ele, “a ordem agora é apagar as luzes”. A fala dramática reflete o nível de urgência vivido pela autarquia, responsável por regular setores estratégicos da economia, como petróleo, gás e biocombustíveis.
Agência reguladora sofre com cortes sucessivos no orçamento
A grave situação enfrentada pela ANP tem origem em uma série de cortes orçamentários realizados nos últimos anos. Esses cortes afetam diretamente a capacidade da agência de cumprir seu papel regulador, comprometendo ações fundamentais como a fiscalização da qualidade dos combustíveis e a coleta de preços nos postos de abastecimento.
A falta de recursos também limita a contratação de serviços, a manutenção de sistemas tecnológicos e o deslocamento de equipes para inspeções em campo — elementos fundamentais para garantir a segurança e a transparência no setor de energia.
Impactos diretos nas atividades da ANP
Como resultado da crise, a ANP já promoveu uma redução significativa nas atividades de fiscalização e pesquisa. Isso inclui:
- Cortes em ações de monitoramento da qualidade dos combustíveis, o que pode comprometer a conformidade dos produtos comercializados no país;
- Redução na frequência da pesquisa de preços em postos, ferramenta essencial para consumidores e empresas acompanharem as variações do mercado.
Esses impactos preocupam especialistas e agentes do setor, pois colocam em risco a confiabilidade do mercado energético e podem abrir espaço para práticas irregulares ou ilegais, como adulteração de combustíveis.
Crise não é exclusiva da ANP e atinge outras agências reguladoras
Segundo o superintendente, o quadro de escassez orçamentária enfrentado pela ANP não é um caso isolado. Diversas outras agências reguladoras brasileiras também vêm lidando com restrições severas de orçamento, o que prejudica sua atuação institucional e sua autonomia técnica.
Essa situação expõe um problema estrutural na governança das agências reguladoras, que deveriam ter garantias de financiamento e independência para operar com eficiência. Sem recursos suficientes, a capacidade de fiscalização, planejamento e execução de políticas públicas fica seriamente comprometida.
Apelo por apoio institucional e político
Durante sua participação no seminário, Lobo fez um apelo público a entidades do setor energético e às associações presentes para que intervenham politicamente junto ao governo e ao Congresso Nacional. A ideia é tentar reverter os cortes orçamentários e assegurar que a ANP consiga retomar suas atividades em plenitude.
“Precisamos de apoio agora. Se nada for feito, a ANP pode parar completamente”, alertou o superintendente.