MRV acelera desinvestimentos na Resia e ações registram forte alta na Bolsa
A MRV decidiu acelerar os desinvestimentos na subsidiária americana Resia para reduzir a dívida em quase 43%, mesmo reconhecendo uma perda contábil de até US$ 144 milhões.
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                    A MRV (MRVE3) decidiu acelerar os desinvestimentos na sua subsidiária americana Resia, em meio a um cenário de juros elevados nos Estados Unidos que prejudica o mercado imobiliário local. A estratégia, que inclui a venda de ativos e o reconhecimento de uma perda contábil relevante, tem como objetivo principal reduzir a dívida da operação internacional e trazer mais previsibilidade para os investidores. Como resultado, as ações da MRV reagiram positivamente, subindo mais de 5% no pregão da última quinta-feira (11).
Por que a MRV acelera desinvestimentos na Resia?
O movimento da MRV acontece em um momento em que o mercado imobiliário nos Estados Unidos enfrenta desafios significativos devido aos juros persistentemente altos. Inicialmente, a companhia esperava uma queda nas taxas de juros no segundo semestre de 2023, o que não se concretizou. Segundo o CFO Ricardo Paixão, a continuidade das taxas elevadas afeta diretamente o valor dos imóveis residenciais da Resia, já que os investidores exigem cap rates mais altos para compensar o risco.
Essas condições tornaram as vendas dos ativos menos rentáveis e forçaram a MRV a reavaliar o valor contábil dos imóveis da subsidiária americana. Assim, a empresa optou por “arrancar o band-aid” de uma vez, reconhecendo uma perda contábil que pode chegar a US$ 144 milhões no segundo trimestre de 2025. Essa perda acontece porque os imóveis são registrados pelo menor valor entre o custo pago e o preço de venda atual, que está mais baixo por conta do cenário de juros.
Estratégia para maximizar valor e reduzir riscos
A MRV está adotando uma estratégia para minimizar o impacto da venda dos ativos, colocando os imóveis no mercado apenas quando atingem 95% de ocupação. Esse nível de ocupação permite estabilizar a receita operacional líquida (ENOI) e maximizar o valor baseado no cap rate, garantindo assim um preço de venda mais vantajoso.
Até o momento, a companhia já vendeu dois empreendimentos e três terrenos, totalizando US$ 117 milhões em receitas de desinvestimento. A expectativa é que a venda de outros ativos prossiga, gerando um total de US$ 493 milhões em caixa e reduzindo a dívida líquida da operação americana em quase 43%.
Impactos no negócio e reação do mercado
Apesar da perda contábil impactar o resultado financeiro da MRV no curto prazo, a decisão traz uma maior previsibilidade para o negócio como um todo, eliminando incertezas que vinham pressionando o valuation da empresa. O CFO Ricardo Paixão destacou que a operação brasileira segue sólida, e que o ruído e a maior volatilidade vinham justamente dos ativos nos Estados Unidos.
O mercado recebeu bem a notícia. No pregão do dia 11 de julho, as ações da MRV (MRVE3) registraram alta máxima de 5,41%, negociadas a R$ 6,23, liderando os ganhos do Ibovespa.
Além disso, a companhia anunciou um programa de recompra de até 6 milhões de ações, equivalente a aproximadamente 8% do total em circulação. Essa recompra, que vai até dezembro de 2026, está relacionada ao vencimento de operações com derivativos divulgadas em um fato relevante no fim de 2023.