As ações do varejo brasileiro sofreram forte pressão negativa nesta quinta-feira (10), após o anúncio do governo dos Estados Unidos sobre a aplicação de uma tarifa de Trump de 50% sobre as exportações brasileiras para o mercado norte-americano. Entre os papéis mais afetados estão Magalu (MGLU3), Azzas 2154 (AZZA3) e Alpargatas (ALPA4), que registraram quedas expressivas no Ibovespa (IBOV), principal índice da bolsa brasileira.

Impacto imediato da tarifa de Trump nas ações do varejo

Na sessão desta quinta-feira, por volta das 16h (horário de Brasília), as ações da Azzas 2154 caíam cerca de 2%, negociadas a R$ 36,26. Já os papéis da Magazine Luiza recuavam 2,11%, a R$ 8,37, enquanto Assaí (ASAI3) registrava queda de 2,03%, a R$ 10,16. Alpargatas também sofria uma desvalorização, com os papéis ALPA4 recuando 2,74%, a R$ 8,52. Esse movimento de queda reflete a preocupação dos investidores diante da nova medida comercial dos EUA, que pode afetar diretamente as vendas e a rentabilidade dessas empresas.

O anúncio da tarifa de Trump pegou o mercado de surpresa, gerando um aumento na percepção de risco para o setor varejista. A medida entra em vigor imediatamente e visa aumentar a proteção da indústria norte-americana frente às importações brasileiras, o que pode reduzir a competitividade das exportações do Brasil para os EUA.

Análises e perspectivas dos especialistas sobre a tarifa de Trump

Apesar da tarifa de 50% ser considerada alta, analistas do banco Citi destacam que o cenário ainda é fluido e há precedentes de medidas similares que foram revistas ou flexibilizadas após negociações e acordos comerciais entre os países envolvidos. “Desde o início de abril, temos visto um vai e vem em relação às tarifas entre os EUA e outros países, e ainda não está claro se a tarifa sobre o Brasil será mantida ou ajustada”, afirmam os especialistas.

Segundo o Citi, o impacto pode ser limitado para a maioria das empresas brasileiras, mas o mercado tende a reagir com volatilidade enquanto as incertezas persistirem. Portanto, investidores e gestores devem monitorar de perto os desdobramentos das negociações comerciais para ajustar suas estratégias.

Quais varejistas brasileiras são mais impactadas pela tarifa de Trump?

De acordo com o Bradesco BBI, o impacto direto da tarifa de Trump no setor varejista brasileiro é restrito. Apenas duas empresas da cobertura do banco apresentam uma exposição de um dígito (baixo a médio) de vendas para os Estados Unidos:

  • Azzas 2154: Tem cerca de 3% das vendas em risco devido à tarifa. A exposição ocorre principalmente pelo segmento de calçados femininos exportados do Brasil para os EUA, já que a produção da Farm Global está concentrada em países como China, Índia, Turquia e Portugal.
  • Alpargatas: Cerca de 4% das vendas da empresa podem ser afetadas. Vale destacar que a marca americana Rothy’s, ligada à Alpargatas, fabrica seus produtos integralmente na China, o que minimiza o impacto direto da tarifa sobre essa linha.

O banco ressalta que, embora o impacto nas vendas diretas possa ser limitado, a percepção de risco aumentada pode provocar uma reação negativa mais ampla no mercado, afetando outras empresas do setor com exposição global ou estratégias de investimento de longo prazo.