Um levantamento recente revelou que a maioria dos brasileiros que apostam online está utilizando plataformas ilegais, mesmo com o avanço da regulamentação do setor. Segundo a pesquisa divulgada nesta quinta-feira (12) pelo Instituto Brasileiro de Jogo Responsável (IBJR) e pela LCA Consultoria, 73% dos apostadores do país acessaram sites de apostas ilegais em 2025.

O Instituto Locomotiva conduziu o estudo entre abril e maio, entrevistando 2.000 pessoas em todas as regiões do Brasil. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais.

Essa realidade chama atenção para as falhas na fiscalização e na comunicação do governo sobre quais plataformas estão autorizadas a operar legalmente. A ausência de informações claras e acessíveis vem deixando a população vulnerável a práticas irregulares e à perda de arrecadação pública.

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Apostas ilegais dominam o cenário digital no Brasil

Mesmo com os avanços regulatórios nos últimos anos, o ambiente das apostas ilegais segue crescendo. 78% dos participantes da pesquisa relataram dificuldade para identificar sites regulares, evidenciando uma lacuna grave na comunicação das autoridades responsáveis. A maioria dos apostadores não consegue identificar claramente quais plataformas o Brasil legalizou. Com isso, muitos acabam utilizando serviços que operam fora da lei sem sequer saber.

Outro dado alarmante é que 62% dos entrevistados afirmaram ter apostado em sites que não exigiram reconhecimento facial. Esse procedimento é obrigatório para plataformas que seguem a legislação nacional. Além disso, 44% utilizaram cartão de crédito para efetuar depósitos, prática proibida por lei. Outros 28% apostaram com o uso de criptomoedas, também vetadas no país.

Segundo o IBJR, essas práticas irregulares, somadas ao grande volume de acessos, são preocupantes. A entidade estima que entre 41% e 51% das casas de apostas online em atividade no país atuam na ilegalidade.

Evasão fiscal com apostas ilegais pode chegar a R$ 10,8 bilhões por ano

O impacto financeiro da atuação de sites de apostas ilegais é gigantesco. O levantamento estima que o Brasil pode perder até R$ 10,8 bilhões por ano em arrecadação por causa dessas operações clandestinas. Para efeito de comparação, esse valor seria suficiente para pagar o salário anual de 184 mil professores da educação básica, ou para financiar a construção de 41 mil moradias populares pelo programa Minha Casa, Minha Vida.

Somente nos últimos três meses, de acordo com o IBJR, o prejuízo com apostas não regulamentadas já chega a valores entre R$ 1,8 bilhão e R$ 2,7 bilhões. O cenário acende um alerta para a urgência de uma regulamentação mais clara e eficaz.

Governo reage com aumento de impostos, mas enfrenta resistência

Diante do crescimento do setor e das perdas bilionárias, o governo federal decidiu agir. Na quarta-feira (11), foi publicada uma medida provisória que aumenta a alíquota de imposto das apostas legalizadas de 12% para 18%. A medida tem como objetivo reforçar a arrecadação federal e ajudar a reduzir o déficit primário, em um contexto de forte pressão fiscal.

Apesar da intenção, a proposta tem gerado resistência no Congresso Nacional e entre representantes do setor privado, que alegam que o aumento de tributos pode prejudicar as empresas legalizadas e incentivar ainda mais o uso de plataformas clandestinas.

O debate também envolve a necessidade de maior fiscalização e de campanhas de conscientização para que o apostador saiba identificar quais sites operam legalmente no Brasil.

Falta de informação contribui para crescimento do mercado ilegal

A pesquisa também destaca que a desinformação sobre o funcionamento legal das apostas é um dos principais fatores para o uso de sites não autorizados. Muitos brasileiros não sabem, por exemplo, que o uso de cartão de crédito e criptomoedas para apostar é ilegal, ou que o reconhecimento facial é obrigatório nas plataformas regularizadas.

Especialistas apontam que a criação de um selo oficial de verificação governamental, aliado a campanhas educativas, poderia ajudar a mudar esse cenário e diminuir o uso de apostas ilegais. Além disso, melhorar a transparência das regras e fiscalizar com mais rigor são medidas urgentes para garantir a segurança dos usuários e o retorno de impostos ao Estado.