A economia global enfrenta um cenário de desaceleração preocupante, com o Banco Mundial anunciando uma revisão significativa em suas projeções de crescimento para 2025. A instituição financeira reduziu a estimativa de 2,7% para 2,3%, refletindo o impacto crescente de políticas comerciais mais restritivas e de uma incerteza econômica persistente. Essa diminuição de 0,4 ponto percentual em relação às previsões anteriores sinaliza uma tendência de freio na atividade econômica em diversas nações, incluindo as maiores potências mundiais.

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O que impulsiona a desaceleração?

A revisão das perspectivas, que abrange cerca de 70% dos países analisados pelo Banco Mundial, destaca as tarifas mais altas e a incerteza econômica como os principais catalisadores dessa deterioração. O relatório mais recente da instituição enfatiza que esses fatores exercem um “impacto significativo para quase todas as economias”. Regiões como os Estados Unidos, Europa e China estão entre as mais afetadas por essa dinâmica, sentindo o peso das tensões comerciais e da imprevisibilidade dos mercados.

A desaceleração do comércio mundial é um dos pilares dessa preocupação. As projeções para o crescimento do comércio global caíram drasticamente para 1,8% em 2025, uma queda notável se comparada aos 3,4% esperados para 2024 e menos da metade da média observada durante o período pandêmico. A escalada protecionista, marcada pela possibilidade de novos aumentos tarifários – como um potencial acréscimo de 10 pontos percentuais nas tarifas dos EUA – pode, segundo o relatório, “paralisar o comércio global no segundo semestre de 2025”.

Paralelamente, a inflação global também permanece como um desafio, com uma estimativa de 2,9% para o próximo ano, mantendo-se acima dos patamares pré-Covid. Esse cenário inflacionário é um reflexo complexo da interação entre as tarifas, a escassez de mão de obra em setores-chave e a contínua instabilidade nos mercados financeiros internacionais.

Impactos regionais da desaceleração global

As economias avançadas são as que mais contribuem para essa deterioração das perspectivas globais. A previsão de crescimento para esses países foi reduzida de 1,7% em 2024 para 1,2% em 2025. Especificamente, os Estados Unidos viram sua estimativa cair para 1,4%, enquanto a zona do euro e o Japão tiveram suas projeções revisadas para baixo, ambas atingindo 0,7%. Essa conjuntura demonstra como os centros econômicos tradicionais estão sentindo o aperto da atual dinâmica global.

Em contraste, os mercados emergentes devem apresentar um crescimento de 3,8%, ligeiramente abaixo dos 4,1% previstos anteriormente. No entanto, o alerta do Banco Mundial é ainda mais severo para os países de baixa renda, que são considerados os mais vulneráveis. A instituição prevê que o PIB per capita desses países em 2027 ainda estará 6% abaixo dos níveis registrados antes da pandemia, evidenciando as profundas cicatrizes deixadas pela crise e a dificuldade em retomar um crescimento robusto e inclusivo.

Uma década de baixo crescimento à vista

Apesar de não haver uma previsão de recessão global iminente, o Banco Mundial ressalta que a década atual pode registrar o menor ritmo de crescimento econômico em mais de 60 anos. Essa perspectiva sombria é corroborada pela afirmação de que “a perspectiva global se deteriorou substancialmente”, com a incerteza servindo como um freio contínuo para novos investimentos e obscurecendo decisões econômicas cruciais.

O vice-economista-chefe da instituição, sem mencionar seu nome, comentou que “a névoa atual pode eventualmente se dissipar, permitindo a retomada do motor do comércio, mas em um ritmo mais lento”. Essa visão sugere uma recuperação gradual, mas sem o vigor do passado. Até que essa “névoa” se dissipe, o cenário global permanece desafiador, com os riscos pendendo para o lado negativo e pouca margem para otimismo significativo, a menos que haja mudanças substanciais nas políticas comerciais globais. A incerteza econômica persiste como um fator dominante, exigindo cautela e adaptação por parte de governos e empresas em todo o mundo. A economia global se encontra em um período de transição, onde a colaboração e a previsibilidade nas relações internacionais se tornam ainda mais cruciais para pavimentar o caminho para um futuro mais estável.