Ações da Tesla despencam após embate público entre Elon Musk e Donald Trump
As ações da Tesla caíram mais de 9% após um confronto público entre Elon Musk e Donald Trump sobre uma reforma tributária que pode eliminar créditos fiscais para veículos elétricos.
As ações da Tesla registraram uma forte queda nesta quinta-feira (5), após um embate direto entre o CEO da empresa, Elon Musk, e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A troca de acusações em público elevou a tensão entre dois dos nomes mais influentes da política e da tecnologia global, gerando instabilidade entre os investidores. A crise se agravou devido à proposta de reforma tributária liderada pelos republicanos, que ameaça retirar incentivos fiscais vitais para a indústria de veículos elétricos.
Conflito entre Musk e Trump derruba ações da Tesla
A Tesla (TSLA34) viu suas ações caírem mais de 9% no pior momento do pregão desta quinta-feira, refletindo o impacto da instabilidade política sobre as expectativas do mercado. O estopim da crise foi uma declaração de Donald Trump, que afirmou estar “muito decepcionado” com as críticas de Musk à nova proposta tributária. O bilionário respondeu de maneira contundente nas redes sociais, acusando o presidente de “ingratidão” e desinformação.
O foco do desentendimento gira em torno de mudanças fiscais propostas pelos republicanos, que eliminariam até o final deste ano os créditos fiscais de até US$ 7.500 concedidos a compradores de veículos elétricos. Esses incentivos foram fundamentais para impulsionar as vendas da Tesla nos Estados Unidos, e seu fim pode causar um impacto direto no desempenho financeiro da companhia.
Impacto financeiro direto preocupa investidores
De acordo com uma análise divulgada pelo JPMorgan, o fim antecipado desses créditos pode comprometer até US$ 1,2 bilhão do lucro anual da Tesla. Somado a outros projetos legislativos em tramitação no Congresso, os riscos fiscais colocam em xeque aproximadamente metade dos mais de US$ 6 bilhões que o mercado espera de lucro operacional da empresa para este ano.
Um projeto aprovado recentemente pelo Senado norte-americano impõe restrições severas ao uso de componentes de origem chinesa e também antecipa o fim dos subsídios à produção de energia limpa. A proposta inviabiliza a revenda de créditos fiscais — uma das fontes de receita da Tesla — e pode representar uma perda adicional de até US$ 2 bilhões, segundo projeções.
Lobby de Musk e ofensiva contra mudanças tributárias
Diante do cenário adverso, Elon Musk intensificou sua atuação política. Desde que deixou o cargo de conselheiro da Casa Branca, o empresário tem se articulado nos bastidores para barrar a reforma tributária. Ele classificou a proposta como uma “aberração repugnante” e chegou a fazer um apelo direto ao presidente da Câmara dos Deputados, Mike Johnson, para preservar os incentivos ao setor de veículos elétricos.
Além disso, a divisão de energia da Tesla também se manifestou contra o projeto, alegando que o fim abrupto das políticas de incentivo à energia limpa coloca em risco a independência energética dos Estados Unidos e compromete a estabilidade da rede elétrica nacional.
Histórico e relevância dos incentivos para a Tesla
Os créditos fiscais agora ameaçados foram criados durante o governo do ex-presidente Joe Biden, como parte da Lei de Redução da Inflação (IRA, na sigla em inglês). A legislação tinha como objetivo fortalecer a cadeia produtiva doméstica de veículos elétricos e tecnologias limpas. A Tesla é uma das maiores beneficiadas por essas medidas, com uma presença industrial sólida em território americano — a empresa possui fábricas no Texas e na Califórnia, além de uma refinaria de lítio e unidades especializadas em baterias.
Com os incentivos vigentes, os Estados Unidos registraram um crescimento de 7,3% nas vendas de veículos elétricos em 2024, atingindo um recorde de 1,3 milhão de unidades, segundo a consultoria Cox Automotive. A retirada desses estímulos pode desacelerar significativamente esse avanço e afetar diretamente a Tesla, uma das líderes globais no setor.