Os fundos imobiliários começaram a mostrar recuperação significativa em 2025, impulsionados pela expectativa do fim do ciclo de alta da Selic. Após um ano difícil em 2024, marcado por forte pressão devido à elevação da taxa básica de juros, o IFIX — índice que reúne os principais fundos imobiliários negociados na B3 — atingiu uma nova máxima histórica, refletindo um renovado otimismo entre os investidores.

Recuperação dos fundos imobiliários e nova máxima histórica do IFIX

No último dia 16 de maio de 2025, o IFIX alcançou 3.439,07 pontos, superando recordes anteriores e indicando uma retomada vigorosa do mercado de fundos imobiliários. Essa valorização ocorre em um contexto de redução gradual da incerteza econômica, com investidores já precificando a possível estabilização e posterior queda da Selic.

Segundo Bruno Nardo, gestor da RBR Asset, o mercado de FIIs passou por um período de distorção intensa no final de 2024, quando os preços sofreram quedas exageradas, comparáveis aos momentos mais críticos entre 2014 e 2016, apesar dos fundamentos sólidos atuais. Essa queda excessiva criou uma oportunidade para a recuperação atual, que demonstra que o mercado está começando a reconhecer o valor real dos ativos.

Expectativa de corte na Selic e impacto nos fundos imobiliários

Embora o Banco Central projete a manutenção da Selic em patamares elevados por boa parte de 2025, com taxa próxima a 15%, as expectativas do mercado indicam cortes gradativos entre o final de 2025 e o início de 2026. Essa mudança de cenário é fundamental para o desempenho dos fundos imobiliários, que tendem a ser mais valorizados quando o custo do dinheiro diminui.

Marcos Freitas, CIO da AZ Quest, destaca que a melhora no IFIX neste ano é reflexo direto dessa expectativa de redução da Selic. “O mercado começou a olhar para o futuro, precificando uma queda dos juros, o que traz mais segurança para os investidores no setor imobiliário”, afirma.

Fundos imobiliários de tijolo ganham destaque

Com a perspectiva de juros mais baixos, os fundos imobiliários de tijolo — especialmente aqueles focados em lajes comerciais e galpões logísticos — devem liderar a recuperação do setor. Esses segmentos são os mais beneficiados, pois oferecem contratos de aluguel com reajustes atrelados à inflação e menor volatilidade.

No entanto, o segmento de shoppings pode enfrentar desafios devido ao impacto dos juros elevados no consumo das famílias, que reduz o fluxo de clientes e as vendas nesses estabelecimentos. Já o segmento de escritórios mostra sinais de recuperação após um período difícil, e os fundos hedge imobiliários ganham força por sua capacidade de se adaptar às variações do mercado.

A gestora Zagros Capital, responsável pelos fundos GGRC11 e ZAGH11, reforça essa visão otimista sobre a retomada dos escritórios e destaca a consolidação dos fundos hedge, que aproveitam melhor os ciclos do mercado imobiliário.

Oportunidades para investidores de longo prazo

Para investidores que pensam no longo prazo, o momento é propício para montar portfólios sólidos e resilientes. Marcelo Rainho, da inVista Real Estate, ressalta que os preços ainda estão descontados e há possibilidade de aquisição de ativos abaixo do custo de reposição. Essa combinação favorece a geração de renda consistente por meio dos dividendos e o potencial de valorização futura dos imóveis.

Além disso, mesmo com a recuperação, os fundos imobiliários continuam apresentando descontos em relação ao valor patrimonial, o que oferece oportunidades para compra estratégica. A TRX Investimentos aponta que o IFIX segue atrativo, com dividend yield elevado e potencial significativo para valorização, apesar dos desafios como inflação acima da meta e prêmios do Tesouro Direto ainda altos.

Perspectivas e desafios futuros para os fundos imobiliários

Embora o fim do ciclo de alta da Selic esteja próximo, como aponta a gestora Guardian, que prevê a taxa em torno de 15% durante 2025 antes de iniciar cortes, o mercado segue com certa cautela. Pequenas correções na Selic indicam uma desaceleração na alta, mas a inflação ainda exige atenção.

Diante desse cenário, os fundos imobiliários continuam sendo uma opção relevante para investidores que buscam diversificação, renda passiva e proteção contra a inflação. A combinação entre preços descontados, expectativa de juros menores e fundamentos sólidos dos ativos imobiliários torna o mercado atrativo para quem deseja investir com foco no médio e longo prazo.