O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) lançou, na noite de terça-feira (6), um novo vídeo, inspirado no formato viral que conquistou milhões de visualizações no começo deste ano. Desta vez, o tema abordado é a fraude no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), e Nikolas, em um tom de urgência, pede para que seus seguidores pressionem os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), pela instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). A pressão é vista como uma estratégia crucial para investigar as supostas irregularidades e responsabilizar os envolvidos.

O pedido de Nikolas e a estrutura do vídeo

O deputado, conhecido pelo uso estratégico de vídeos virais nas redes sociais, recorreu novamente ao estilo que foi um sucesso no início do ano, quando se manifestou sobre as fiscalizações de transações por Pix. A escolha do formato não foi por acaso. O primeiro vídeo, que atingiu 200 milhões de visualizações em 24 horas, chamou a atenção para uma possível fiscalização de transações financeiras via Pix, e Nikolas usou essa plataforma para amplificar sua voz política.

No novo vídeo, com cerca de seis minutos de duração, ele aparece em um cenário simples, com fundo preto, calça jeans e camiseta preta, repetindo o mesmo figurino usado anteriormente. No final, a imagem de Nikolas é alterada digitalmente, mostrando-o com cabelos brancos, o que reforça a ideia de que ele “envelhece” ao longo do tempo, simbolizando a urgência de sua mensagem. O vídeo tem como objetivo chamar a atenção dos eleitores e do público para a gravidade do caso e fortalecer a pressão popular.

“Preciso da sua ajuda para instalar a CPI do roubo dos aposentados. Será nessa comissão que vamos investigar mais a fundo e colocar na cadeia quem foi o responsável”, disse o deputado.

O pedido de instalação da CPI do INSS

Nikolas utiliza o vídeo para convocar seus seguidores a pressionarem diretamente os presidentes da Câmara e do Senado, exigindo a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito. A ideia por trás dessa movimentação é garantir que o Congresso inicie uma investigação aprofundada sobre as fraudes no INSS, que têm afetado diretamente os aposentados e beneficiários do sistema de seguridade social no Brasil.

Para que uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) seja formada, é necessário que o requerimento de instalação seja assinado por um terço dos parlamentares em cada Casa, o que corresponde a 27 senadores e 171 deputados. Uma vez que esse número seja alcançado, o pedido é lido em sessão conjunta do Congresso, e, a partir daí, a CPI é instalada.

Contudo, a mobilização da oposição e de figuras como Nikolas tem encontrado obstáculos. O Senado, onde o governo tem mais apoio, apresenta um risco maior para a realização dessa CPI, especialmente porque o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, pode influenciar negativamente o andamento da proposta. Já na Câmara, onde o apoio à CPI é mais expressivo, a oposição sente-se mais segura.

Desafios e estratégias da oposição no congresso

Na terça-feira (6), as lideranças da oposição decidiram adiar o protocolo do requerimento da CPI, temendo que o apoio dos senadores pudesse diminuir antes de uma leitura formal do documento. A principal preocupação é que a proposta perca o número mínimo de assinaturas necessárias para ser protocolada. No Senado, a CPMI do INSS conta apenas com duas assinaturas a mais do necessário, o que aumenta a pressão sobre as lideranças para garantir o apoio necessário antes da sessão do Congresso prevista para o dia 27 de maio.

As articuladoras do requerimento, a senadora Damares Alves (Republicanos-DF) e a deputada Coronel Fernanda (PL-MT), têm buscado apoio não apenas nas redes sociais, mas também com outros parlamentares, a fim de obter as assinaturas de pelo menos 40 senadores, o que garantiria uma margem segura. No entanto, a base de apoio no Senado, considerada mais favorável ao governo, representa um desafio a ser enfrentado pelas lideranças da oposição.

O contexto político

O tema das fraudes no INSS vem ganhando força nas discussões políticas, especialmente após denúncias que apontam envolvimento de servidores públicos em esquemas fraudulentos. Nikolas, ao associar o escândalo aos governos petistas, tenta desviar a narrativa de que a fraude teria começado no governo de Jair Bolsonaro (PL), e reforça a sua posição política ao ligar a questão a um “escândalo de corrupção” envolvendo figuras de destaque do governo anterior.

Embora o vídeo tenha gerado grande repercussão nas redes sociais, com milhões de visualizações e milhares de comentários, a tentativa de associar o escândalo ao PT não é nova e reflete uma estratégia que visa desgastar adversários políticos e fortalecer a agenda de investigação no Congresso.

Outros vídeos virais e a influência digital de Nikolas

Nikolas tem se destacado por seu uso eficiente das redes sociais para influenciar a opinião pública e engajar sua base eleitoral. O vídeo sobre as fraudes no INSS segue a mesma fórmula de outros vídeos virais criados por ele, como o que tratava da fiscalização do Pix e outro recente, em que pediu anistia para os condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. Cada uma dessas publicações tem como objetivo mobilizar sua base política, principalmente os bolsonaristas, em torno de temas polêmicos.